tragédia

Dirigentes de escolas de samba viram réus por morte de criança no Sambódromo

Representantes da Cima da Hora e da LIGA-RJ vão responder pelo homicídio de Raquel Antunes, de 11 anos, ocorrido em 2022

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Raquel Sapucaí
Menina de 11 anos estava com a mãe em lanchonete na rua onde ocorre dispersão dos carros alegóricos de desfiles da Sapucaí - Reprodução/Redes sociais

Dirigentes da escola de samba em Cima da Hora e da Liga das Escolas de Samba da Série Ouro (LIGA-RJ) do carnaval carioca vão responder pela morte da menina Raquel Antunes da Silva, de 11 anos, no setor de dispersão do Sambódromo, durante desfile da série ouro no Carnaval de 2022. 

A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra oito pessoas pelo homicídio culposo, sem intenção de matar, da menina na última sexta-feira (5). Raquel Antunes foi imprensada entre um poste e um carro alegórico da escola de samba e chegou a ter uma das pernas amputadas, mas acabou morrendo. 

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De acordo com a decisão, "há indícios de materialidade e autoria suficientes à autorizar o início da ação penal". Com isso, os oito denunciados passam a ser réus no processo.

São eles: o então presidente da escola Em Cima da Hora, Flavio Azevedo da Silva; o presidente da LIGA-RJ, Wallace Alves Palhares; o diretor da LIGA-RJ, Cícero Cristiano André; o engenheiro civil Daniel Oliveira Junior; o coordenador de dispersão José Crispim da Silva Neto; o motorista do caminhão de reboque Carlos Eduardo Cruz; o auxiliar de dispersão Rodney Dionizio Melo; e a integrante da LIGA-RJ Carla Ardelino.

O MP-RJ aponta que os réus praticaram condutas que, isolada ou conjuntamente, resultaram na morte de Rachel da Silva. As acusações são de imperícia, negligência ou imprudência.  A denúncia descreve as condutas de cada um dos denunciados que acabaram por criar ou incrementar o risco da tragédia.

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Em nota, a diretoria da escola de samba Em Cima da Hora lamentou o fato que ocasionou o acidente e disse que irá se pronunciar após o departamento jurídico da agremiação analisar o caso. 

"Informamos ainda que, para o próximo desfile, a Azul e Branco de Cavalcanti já está elaborando um projeto de segurança para seus carros alegóricos, que contempla palestras e instalação de câmeras internas e externas para auxiliarem os motoristas das alegorias", diz o texto.

Relembre o caso

Na noite do dia 20 de abril de 2022, a menina Raquel Antunes da Silva foi esmagada por um carro alegórico no fim do desfile da escola de samba Em Cima da Hora, na Marquês de Sapucaí.

Segundo testemunhas e familiares, Raquel, o irmão e a mãe estavam em uma lanchonete na rua onde ocorre a dispersão dos desfiles, no bairro Estácio, no centro. A menina teria deixado o local sem que a mãe percebesse e teria subido no carro abre-alas, que ainda estava parado e aguardava para ser retirado do entorno, após o desfile da escola.

Quando o veículo começou a ser empurrado, Raquel acabou imprensada contra um poste. Ele foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar em estado gravíssimo, mas acabou morrendo dias depois. 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Clívia Mesquita