Diálogo

Xi Jinping e Zelensky conversam pela 1ª vez desde início da guerra na Ucrânia

Presidente da China anunciou enviado especial à Kiev; Moscou e EUA reagiram à conversa

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Zelensky nomeou representante para sede diplomática da Ucrânia em Pequim - Dmitry Astakhov, Daniel Leal / AFP / SPUTNIK

O presidente da China, Xi Jinping, e seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, conversaram por telefone nesta quarta-feira (26/04) e iniciaram um processo de reaproximação em meio à guerra entre Kiev e Moscou.

Segundo a chancelaria chinesa, o convite para a interação entre os dois líderes partiu da Ucrânia, e Pequim "está pronta para cooperar com Kiev em uma base mutuamente benéfica".

Por meio da emissora estatal CCTV, o presidente chinês ressaltou que "o diálogo e a negociação são a única via de saída praticável" para a guerra e destacou que "não há vencedores em uma guerra nuclear”.

"Todas as partes interessadas devem se manter calmas e sóbrias, concentrando-se verdadeiramente no futuro e sobre o destino de si mesmas e de toda a humanidade, e gerir e controlar conjuntamente a crise”, acrescentou Xi.

O líder chinês ainda ressaltou que a "base política" das relações entre Ucrânia e China está no "respeito recíproco" da soberania e da integridade territorial das nações.

Ademais, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying declarou que o governo chinês espera que "todas as partes reflitam seriamente sobre a crise na Ucrânia e explorem conjuntamente maneiras de trazer paz e estabilidade duradouras à Europa por meio do diálogo".

A diplomata também concluiu afirmando que os esforços chineses para a solução da guerra na Ucrânia parte de seu papel como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. "A China não ficaria de braços cruzados, nem colocaria óleo no fogo, muito menos exploraria a situação para ganhos próprios", declarou.

Por sua vez, Zelensky também comentou sobre a conversa, por meio das redes sociais.

"Tive uma longa e significativa conversa por telefone com o presidente chinês Xi Jinping. Acredito que essa chamada, assim como a nomeação do embaixador da Ucrânia na China, dará um poderoso impacto no desenvolvimento das nossas relações bilaterais”, afirmou Zelensky por meio das redes sociais.

Após o telefonema, o chefe de Governo da Ucrânia nomeou Pavel Ryabikin, que teve como cargo anterior a chefia do Ministério das Indústrias Estratégicas da Ucrânia, para a sede diplomática em Pequim.

Em meio às reaproximações, a China também comunicou que um enviado especial irá a Kiev "em breve". O representante especial será Li Hui, que já foi embaixador da China na Rússia de 2009 a 2019.

Reação russa e norte-americana

Após a ligação entre Xi e Zelensky, a porta-voz oficial da chancelaria russa, Maria Zakharova, disse que a Rússia "nota a prontidão da China para ajudar a solucionar o conflito".

"Notamos a prontidão do lado chinês em fazer esforços para estabelecer o processo de negociação", entretanto, Zakharova sublinhou que Kiev continua a rejeitar "quaisquer iniciativas sensatas destinadas a uma resolução política e diplomática da crise ucraniana e a um eventual acordo de negociações", apresentando ultimatos com "exigências deliberadamente irrealistas".

"As autoridades ucranianas e seus curadores ocidentais já demonstraram sua capacidade de encerrar iniciativas pacíficas. Portanto, é improvável que qualquer pedido de paz seja recebido adequadamente por fantoches controlados por Washington", complementou a diplomata.

O porta-voz do Conselho de Segurança dos Estados Unidos, John Kirby, também manifestou-se sobre a conversa telefônica entre Xi e Zelensky.

"Estamos contentes que Xi e Zelensky conversaram. Faz tempo que estamos pedindo para que a China ouça a parte ucraniana. Não podemos saber se esse telefonema levará a alguma coisa porque cabe à Ucrânia e a Zelensky decidir se querem se sentar à mesa de negociações para a paz”, declarou.

(*) Com Ansa e Sputniknews.