Brasil e a guerra

Rússia diz que é 'muito cedo' para avaliar proposta do Brasil para paz na Ucrânia

Kremlin elogia iniciativa de Lula por 'considerar a posição russa', mas disse que é preciso 'conhecer as nuances'

Rio de Janeiro |
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em frente a uma tela que exibe o presidente russo, Vladimir Putin, discursando em sua coletiva de imprensa anual - NATALIA KOLESNIKOVA / AFP

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou os resultados da visita do chanceler russo, Serguei Lavrov, ao Brasil nesta semana e, em particular, os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de contribuir nas negociações de paz para a guerra da Ucrânia. 

De acordo com Peskov, Moscou está pronta para avaliar todas as iniciativas de paz do Brasil, na medida em que elas levam em conta a posição da Rússia. Mas o porta-voz foi cauteloso em manifestar um apoio direto ao dizer que as nuances da proposta brasileira ainda precisão ser analisadas.

"Qualquer ideia que leve em consideração os interesses da Rússia, as preocupações da Rússia, claro, merecem atenção e, claro, devem ser atendidas. E a Rússia está pronta para fazer isso. Para nós, o principal é zelar pelos nossos próprios interesses", disse o porta-voz do Kremlin.


O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, se reúne com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, em visita de Lavrov ao Brasil, em 17 de abril de 2023. / Evaristo Sá / AFP

Ao comentar especificamente a iniciativa do Brasil, Peskov afirmou que ainda é muito cedo para fazer qualquer avaliação.

"Quanto à iniciativa do lado brasileiro, é muito cedo para fazer qualquer avaliação, porque você ainda precisa ter informações, conhecer as nuances. E justamente agora nosso ministro das Relações Exteriores pode conhecer essas nuances", completou.

Na semana passada, durante sua viagem a Pequim, Lula declarou que os EUA devem parar de incentivar o conflito na Ucrânia e buscar uma solução pacífica para a guerra. Ele destacou que é preciso montar um grupo de negociação entre os países que "não defendem a guerra".

Já em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no último domingo (16), Lula disse: "O presidente [Vladimir] Putin não toma iniciativa de paz. O [presidente da Ucrânia Volodymyr] Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra".

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Anteriormente, o presidente Lula havia sugerido que a Ucrânia poderia ceder a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, em troca da paz e com a condição de que a Rússia retirasse suas tropas dos territórios invadidos no leste da Ucrânia.

"O que Putin quer? Ele não pode ficar com o território da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia, mas, o que ele invadiu de novidade, vai ter que repensar", disse.

Durante a visita de Serguei Lavrov ao Brasil, a Casa Branca criticou o presidente Lula e o acusou o governo brasileiro de estar reproduzindo a "propaganda russa e chinesa" ao tratar da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Kirby afirmou que os comentários de Lula foram "simplesmente equivocados".

Edição: Thales Schmidt