O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, criticou nesta terça-feira (18) as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra e reforçou o convite para o presidente brasileiro visitar Kiev. De acordo com Nikolenko, o conflito é uma "guerra de agressão" e a paz pode ser alcançada por meio da proposta do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
"Reiteramos o nosso convite a Luiz Inácio Lula da Silva para visitar a Ucrânia para compreender as verdadeiras causas e natureza da agressão russa e as suas consequências para a segurança global", disse o porta-voz da chancelaria da Ucrânia.
Nikolenko destacou que a Ucrânia "observa com interesse" os esforços do Brasil pela paz, mas criticou "a abordagem que coloca a vítima e o agressor na mesma escala e acusa os países que ajudam a Ucrânia a defender-se contra a agressão mortal de encorajar a guerra".
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A fala ocorre após Lula afirmar que Rússia e Ucrânia decidiram pela guerra. Durante agenda nos Emirados Árabes Unidos, Lula afirmou: "Eu penso que a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países [Rússia e Ucrânia]. E agora o que nós estamos tentando construir? Nós estamos tentando construir um grupo de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra."
O presidente brasileiro também destacou que os Estados Unidos precisa "parar de incentivar a guerra". Os EUA já enviaram US$ 29,8 bilhões em "assistência de segurança" e armas para a Ucrânia desde o começo da guerra. São 31 tanques, 109 veículos de infrantaria Bradley, entre outros itens.
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As declarações de Lula foram criticadas pelos Estados Unidos. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou que "o Brasil está papagaiando a propaganda da Rússia e da China sem olhar para os fatos" e tem uma postura "profundamente problemática".
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou não ter acompanhada a resposta de Kirby e disse: "Não concordo com essa crítica, de forma alguma. Não sei como ele chegou nessa conclusão. Desconheço as razões pelas quais ele falou isso".
Na segunda-feira (17), o chanceler brasileiro recebeu seu homólogo russo, Serguei Lavrov, em Brasília.
Edição: Nicolau Soares