BOLETIM FOCUS

Após inflação abaixo do esperado, bancos apostam em Selic mais baixa

Instituições financeiras reduziram sua expectativa para taxa de juros pela primeira vez desde de a posse de Lula

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

Ouça o áudio:

Sede do Banco Central - Agência Brasil

Bancos e outras instituições financeiras reduziram pela primeira vez suas expectativas para o patamar da taxa básica de juros, a Selic, após a inflação no país dar sinais de desaceleração no país. A mudança foi captada em pesquisa divulgada pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (17).

O BC coleta e tabula semanalmente previsões do chamado mercado para alguns indicadores econômicos. Isso é divulgado no Boletim Focus.

::Inflação dentro da meta pela 1ª vez desde 2021 mostra que juros podem cair, dizem analistas::

A edição do boletim desta segunda-feira indica que os bancos estimam que a Selic estará em 12,5% ao final deste ano. Hoje, a taxa está em 13,75% ao ano –uma das mais altas do mundo. Há uma semana, os bancos estimavam que ela fecharia 2023 em 12,75%.

Foi a primeira vez que os bancos reduziram sua expectativa para a Selic desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na terça-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em queda. Fechou o mês de março em 0,71% – abaixo dos 0,84% registrados em fevereiro e abaixo também da previsão de analistas de bancos, que esperavam cerca de 0,77%.

Com o resultado de março, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 4,65% – abaixo do limite de 4,75% fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o IPCA em 2023.

Como a Selic alta é usada pelo BC justamente para tentar reduzir a inflação, há economistas que apontam que já há espaço para que ela caia, pois o aumento de preços já não está mais tão severo. O Boletim Focus, do BC, indica que bancos apostam na queda.

::Posicionamento de Lula contra alta na taxa de juros é aprovado por 80%, aponta Datafolha::

"A não ser que haja uma reversão muito grave do cenário externo, já há motivos absolutamente incontestáveis para reduzir a taxa de juros na próxima reunião", explicou o economista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), André Roncaglia. "Ficaria muito difícil o Copom fugir dessa decisão sem reforçar a suspeita de que ele vem agindo politicamente para tentar dificultar a vida do governo federal."

Segundo o Boletim Focus desta segunda-feira, bancos ainda esperam que a inflação feche o ano em 6,01% e que o dólar esteja cotado a R$ 5,24 –hoje, ele está em R$ 4,93.

Economistas dos bancos também estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 0,90% em 2023 ante a 2022. Ele é o principal indicador do crescimento da economia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho