O secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, se reuniu com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta terça-feira (28) em Caracas.
A visita faz parte de uma série de viagens realizadas pelo funcionário russo a países do sul global. Na última segunda-feira (27), Patrushev visitou a Argélia e ainda deve passar pela China e pelo Irã.
Na Venezuela, a delegação russa foi recebida por Maduro, que classificou o encontro como uma "grata visita". "Revisamos os diferentes níveis de cooperação que mantêm nossas nações em prol do desenvolvimento compartilhado", disse o presidente.
::O que está acontecendo na Venezuela::
Mais cedo, ainda nesta terça-feira, Patrushev se reuniu com o secretário-geral do Conselho de Defesa venezuelano, José Ornelas Ferreira, para discutir "assuntos de cooperação entre os Ministérios da Justiça, serviços secretos e agências de ordem pública".
Segundo a emissora russa RT, temas como "a colaboração entre os países no âmbito da segurança digital" foram abordados.
"Hoje podemos constatar que todos os Estados soberanos estão vivendo o momento da verdade, no qual têm que tomar uma decisão: defender sua liberdade de escolher sua via de desenvolvimento, seus valores e sua identidade ou se submeter às ordens do chamado Ocidente liderado pelos EUA", disse o funcionário russo, segundo a RT.
Patrushev ainda agradeceu "a condenação pública pela liderança bolivariana da política destrutiva do Ocidente e da Otan, bem como da agressão contra a Rússia".
EUA, sanções e petróleo
A visita de Patrushev a Caracas ocorre em um momento de incertezas nas relações entre Venezuela e EUA. Ambos os países, que viveram momentos de tensão nos últimos anos quando a Casa Branca era ocupada por Donald Trump, haviam dado sinais modestos de reaproximação no ano passado.
O presidente Joe Biden chegou a enviar uma delegação em duas ocasiões para negociar diretamente com Maduro a possibilidade de acordos no setor energético. A crise na oferta e na demanda de combustíveis gerada pela guerra entre Rússia e Ucrânia acelerou a necessidade de Washington buscar novos parceiros comerciais.
::Sem Guaidó, o que falta para EUA e Venezuela retomarem relações?::
Em novembro, os EUA chegaram a emitir uma licença permitindo que a Chevron voltasse a operar em território venezuelano. No entanto, mesmo após o resultado das eleições de meio mandato nos EUA e a oposição venezuelana encerrar o "governo interino" do ex-deputado Juan Guaidó, as relações entre Washington e Caracas parecem, mais uma vez, estagnadas.
A Casa Branca segue sem reconhecer Maduro como presidente e coloca os resultados na mesa de diálogo entre governo e oposição como requisitos para suspender outras sanções. Já a Venezuela diz que está pronta para retomar relações e voltar a negociar com países do Ocidente, mas se recusa a aceitar licenças que não permitam o pagamento em dinheiro por seus carregamentos de petróleo e gás.
Edição: Rodrigo Durão Coelho