A Petrobras anunciou nesta terça-feira (28) uma redução de 3,9% no preço da gasolina vendida a distribuidoras. A decisão foi tomada justamente no momento em que o governo discute retomar a cobrança de impostos federais sobre o combustível.
O então presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu até o final de 2022 os impostos sobre combustíveis no último ano de seu governo. Naquele momento, ele tentava segurar aumentos para ganhar força na corrida eleitoral sem ter que mexer na política de preços da Petrobras.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse em 1º de janeiro deste ano. Para evitar que os combustíveis subissem no dia seguinte, editou uma Medida Provisória (PM) prorrogando a desoneração até 28 de fevereiro – ou seja, terça-feira.
Na segunda-feira (27), o Ministério da Fazenda confirmou que sua intenção é que a cobrança de impostos seja retomada. No caso da gasolina, especificamente, ela poderia aumentar o preço do litro de cerca de R$ 5,07 para R$ 5,77 – R$ 0,70 de alta.
Lula convocou o presidente da Petrobras, ex-senador Jean Paul Prates (PT), para reuniões na segunda e terça-feira. No início desta tarde, a estatal anunciou a redução de preços.
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O preço reduzido vale a partir de quarta-feira (1º), exatamente o mesmo dia em que a tributação da gasolina deve ser retomada. Segundo a Petrobras, o litro do combustível vendido pela estatal passará de R$ 3,31 para R$ 3,18, redução de R$ 0,13.
Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,32 a cada litro vendido na bomba.
O etanol, aliás, também deve voltar a ser tributado na quarta.
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Também nesta terça, a Petrobras anunciou uma redução de 1,9% no preço do diesel. O preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,10 para R$ 4,02 por litro, uma redução de R$ 0,08 por litro.
Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 3,62 a cada litro vendido na bomba.
"Essas reduções têm como principal balizador a busca pelo equilíbrio dos preços da Petrobras aos mercados nacional e internacional, através de uma convergência gradual, contemplando as principais alternativas de suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos", justificou a estatal.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a Petrobras vendida gasolina 6% mais cara que a importada pelo Brasil antes do reajuste. No caso do diesel, não havia diferença entre o preço da estatal e das importadoras.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), já havia ventilado que, no caso da gasolina, haveria "um colchão" na Petrobras para acomodar o aumento de preços previsto por conta da reoneração. A Petrobras não se manifestou sobre o assunto.
Edição: Thalita Pires