O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cortou a doação de alimentos aos Yanomami, mesmo após ter sido alertado sobre a situação de insegurança alimentar na Terra Indígena. A informação está contida em ofícios da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, aos quais o UOL teve acesso.
Os alertas e os pedidos de manutenção da doação de alimentos foram feitos entre junho de 2021 e março de 2022 e enviados aos ministérios da Justiça e Segurança Pública e da Cidadania. “Diante da situação atual do quadro de déficit nutricional demonstrado no relatório supracitado, ressalta-se a importância da manutenção das ações de Distribuição de Alimentos, com objetivo de minimizar emergencialmente as situações de vulnerabilidade alimentar da população indígena yanomami”, diz um ofício de 1º de fevereiro do ano passado.
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Antes, um ofício de 30 de junho de 2021 foi enviado ao Ministério da Justiça, quando Anderson Torres ocupava a chefia da pasta. O documento apontava um "quadro de déficit nutricional" dos indígenas Yanomami e ressaltava a “importância da manutenção das ações de Distribuição de Alimentos". Um outro ofício, de 23 de março de 2022, tem os mesmos destaques e sugere uma nova data para a discussão do tema em reunião interministerial.
Municípios na TI Yanomami receberam R$ 96 mi do orçamento secreto
Quatro municípios que ficam dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, receberam R$ 96,3 milhões em emendas do relator-geral (RP9), conhecidas popularmente como orçamento secreto, segundo levantamento do Metrópoles.
O município de Alto Alegre teria recebido o maior montante, cerca de R$ 36,8 milhões nos últimos três anos. Em seguida, vem Caracaraí, com R$ 23,2 milhões; Amajari com R$ 22,7 milhões; e por último Iracema com R$ 13,5 milhões.
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Entre os parlamentares que mais enviaram recursos por meio do orçamento secreto, está Jhonatan de Jesus (Republicanos). No total, o deputado federal destinou R$ 37 milhões, sendo R$ 18 milhões para Mucajaí, R$ 8 milhões para Alto Alegre e Caracaraí e R$ 3 milhões para Iracema.
Em seguida, o senador Chico Rodrigues (PSB), que enviou R$ 34 milhões para as cidades de Amajari, Caracaraí, Iracema, Mucajaí e Alto Alegre. O senador Mécias de Jesus (Republicanos) aparece em terceiro lugar, com o envio de R$ 22,7 milhões em emendas, principalmente para Amajari. Em quarto lugar está o deputado federal Haroldo Catedral (PSD), que mandou R$ 7,8 milhões para Alto Alegre e R$ 5,2 milhões para Caracaraí.
Governo autoriza entrada de barcos para a retirada de garimpeiros ilegais
O governo federal informou que irá liberar a entrada de barcos na Terra Indígena Yanomami para a retirada de garimpeiros ilegais que estão na região.
De acordo com o anúncio feito pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, no último sábado (11), os barcos só podem adentrar a região mediante um cadastro da tripulação, restrita a piloteiro e o proeiro. Ao chegar no posto de Palimiú, os presentes devem se apresentar aos agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Federal ou Força Nacional.
“É importante que os garimpeiros saiam logo dali. A presença deles ali traz um risco fatal aos isolados, por isso aqueles que se recusarem a sair devem ser presos pela operação”, disse a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ao anunciar a medida.
Após o início das operações do governo federal para retirar os garimpeiros, o preço da viagem da região para outros locais cobrado para garimpeiros chegou a R$ 15 mil.
Bezos e DiCaprio irão liderar captação de recursos para operação emergencial na Amazônia
Os institutos de filantropia do bilionário Jeff Bezos e do ator Leonardo DiCaprio irão liderar uma campanha para arrecadar fundos para recuperar as áreas degradadas pelo garimpo ilegal na região amazônica, segundo apuração do UOL. No total, 11 entidades devem participar da captação.
A medida ocorre depois que a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fechou um acordo com entidades de filantropia dos Estados Unidos, em viagem ao país. A ideia é que a medida seja implementada em até 40 dias.
Nos encontros em Washington, Marina Silva afirmou que não basta retirar o garimpo ilegal da região amazônica, mas recuperar as áreas degradadas e acabar com o quadro de insegurança alimentar e doenças trazidas pelo garimpo ilegal. "Em algumas áreas, quatro de cada dez crianças estão contaminadas pelo mercúrio", disse a ministra.
Edição: Vivian Virissimo