Neste domingo, 12 de fevereiro, completam-se 18 anos do assassinato da missionária estadunidense Dorothy Stang. Ela foi morta com seis tiros, à queima-roupa, numa emboscada em uma estrada rural no município de Anapú, a quase 700 quilômetros de Belém, capital do Pará, em 2005.
O motivo da execução foi a atuação da missionária na luta por regularização da terra para famílias de trabalhadores rurais e no combate à violência das invasões ao projeto por grileiros, madeireiros e fazendeiros.
Dorothy Stang era integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Igreja Católica. Em Anapu, ela liderou o primeiro projeto de desenvolvimento sustentável da região, o PDS Esperança.
O caso de Dorothy Stang não é uma situação isolada. Seu assassinato se soma às centenas de pessoas que foram assassinadas por conflitos de terra. Os dados organizados pela CPT revelam que somente no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), cerca de 111 pessoas foram assassinadas por esses motivos.
Nos últimos anos, um dos casos que ganhou grande repercussão foi o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Ambos foram mortos a tiros na manhã do dia 5 de junho, ao voltarem de uma expedição pelo Vale do Javari, no Amazonas, e tiveram seus corpos queimados e enterrados. Seus cadáveres só foram encontrados dez dias depois. A região onde o crime ocorreu faz fronteira com a Colômbia e o Peru, tem a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo e é alvo da cobiça de criminosos.
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A região amazônica, principalmente os estados do Maranhão, Rondônia e Pará, lidera o ranking de violência no campo. No ano anterior ao assassinato de Dom e Bruno, Fernando dos Santos, principal testemunha do massacre de Pau D´arco, que aconteceu em 2017 no sul do Pará, foi morto com um tiro na nuca.
Muito antes de todos esses assassinatos, Chico Mendes foi morto em 1988, a mando de fazendeiros da região de Xapuri, no Acre. Ele dedicou a vida aos direitos dos povos da floresta e deixou como legado a criação das reservas extrativista e o acesso à educação nos rincões da Amazônia. A observar pelos assassinatos cometidos recentemente, pouco mudou o quadro de garantias aos ativistas na região.
Condenações
Segundo o Ministério Público, a morte da missionária foi encomendada pelos fazendeiros Vitalmiro Bastos e Regivaldo Galvão. Amair Feijoli da Cunha, que teria sido pago por Viltamiro para executar a missionária, foi condenado a 18 anos de prisão como intermediário do crime.
Rayfran das Neves Sales, condenado a 27 anos de prisão por ser assassino confesso de Dorothy Stang, deixou o regime fechado para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar em julho de 2013. Clodoaldo Carlos Batista, acusado de ser comparsa de Rayfran, foi condenado a 17 anos de prisão e deixou a Casa do Albergado, localizada em Belém, em fevereiro de 2011. Ele permanece foragido.
O crime ganhou repercussão internacional, chamando a atenção de entidades ligadas aos direitos humanos e a reforma agrária.
Edição: Daniel Lamir