O líder do movimento Revolução Cidadã, ex-presidente equatoriano Rafael Correa, disse na quinta-feira (9) que a vitória alcançada nas eleições de 5 de fevereiro é um ponto de partida para a recuperação do país.
Durante uma entrevista para o programa En Clave Política, transmitido pela Telesur, o ex-presidente expressou sua imensa satisfação com a vitória nas eleições.
"Ganhamos uma eleição de maneira contundente em condições extremamente adversas. Isso é muito significativo, mas é um ponto de partida, não um ponto de chegada e temos que recuperar o poder central, porque há problemas que dependem do governo central, não dos governos regionais, como a insegurança, a política econômica. E queremos colocar o Equador de volta no caminho do bem viver, que sem dúvida existiu entre 2007 e 2017", disse.
O ex-presidente acrescentou que "as eleições são ganhas como um meio para o bem comum, para tirar o país da miséria, para acabar com a pobreza, a desigualdade, para alcançar o bem viver - viver bem".
Ele também afirmou que apesar da situação que o país está passando, "eles não conseguiram destruir a esperança" e que a eleição do dia 5 foi um passo muito importante, "o primeiro passo para resgatar a pátria".
Correa considera que o que aconteceu no domingo passado foi "um ponto de virada" e que pode ser visto como uma reivindicação de todos os líderes da Revolução Cidadã que "foram perseguidos, vilipendiados, caluniados e difamados por cinco ou seis anos (...) e a resposta esmagadora do povo equatoriano é 'apoiamos Rafael Correa, apoiamos a Revolução Cidadã, os corruptos sempre foram vocês'".
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"Apesar de seis anos de difamação, quase imediatamente após a traição de (Lenin) Moreno, voltamos a ser a principal força política, mas lutamos em um campo inclinado, um árbitro vendido, o público contra nós, uma bola quadrada. No entanto, eles não puderam impedir esta importante e retumbante vitória no domingo passado, que honestamente foi muito além de nossas expectativas", enfatizou.
Ele também reiterou que "ter as mãos limpas, a consciência limpa, lhe dá a força para continuar lutando".
Por outro lado, Correa garantiu que o presidente equatoriano Guillermo Lasso "é parte do problema, não parte da solução".
"A solução é mudar um governo, o governo de Lasso, autor e no início cúmplice do desastre que estamos vivendo. E existem mecanismos, ao contrário de antes de 2008, antes da nova Constituição. Com a nova Constituição existem mecanismos precisamente para evitar, para resolver estes problemas; mecanismos constitucionais, democráticos e pacíficos para conseguir isto".
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A este respeito, ele disse que, em sua opinião, o mais conveniente e saudável para o país seria convocar eleições antecipadas, o que permitiria "uma solução democrática, constitucional e pacífica para o grave problema que estamos enfrentando (...) um governo inexistente".
Onda progressiva
Com relação à nova onda progressiva na região, o ex-presidente Correa comentou que "a chegada de governos progressistas ou forças progressistas que são dominantes nos diferentes países significa que existe uma visão de longo prazo, uma visão integral, e essa visão implica uma integração latino-americana, que mais cedo ou mais tarde terá que vir".
Ele também explicou que a nova onda progressiva não é independente da primeira, mas uma consequência dela, o que permite que as pessoas se comparem. "Deixamos o Equador como o segundo país mais seguro da América Latina, você podia sentir a segurança, mas não era assim antes", lembrou ele.
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O ex-chefe de Estado reafirmou que a nova esquerda latino-americana está desafiando o sistema. "Temos que propor coisas novas, muito mais sensatas, mais de acordo com a realidade". Por exemplo, o progressismo enfatiza a justiça no continente mais injusto do planeta", disse ele.
"Desde a primeira onda progressista, as pessoas já têm uma maneira de comparar, e é por isso que a restauração conservadora que detectamos em 2014, que batizamos assim, está morrendo mais rápido do que o necessário para nascer, porque as pessoas agora podem comparar", disse ele.
Ele também enfatizou que é necessário "analisar com um pouco mais de profundidade, talvez precisemos aumentar a conscientização das pessoas, mas nem tudo pode ser feito pelo governo, são também os líderes, as organizações sociais, o sistema educacional que precisam ter um pensamento um pouco mais crítico, porque existem muitos outros fatores".