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Ministério da Justiça recebeu 107 mil e-mails com denúncias contra golpistas de 8 de janeiro

Informações sobre financiadores, participação de políticos e militares e caravanas foram encaminhadas pela população

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Pelas denúncias, Pix foi uma das ferramentas mais utilizadas para angariar recursos para a invasão golpista - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Justiça e Segurança Pública recebeu mais de 107 mil e-mails com denúncias sobre a tentativa de golpe bolsonarista em 8 de janeiro. A pasta divulgou balanço das denúncias nesta segunda-feira (6). Desse total, o ministério já analisou 102.407 enviadas por 27.457 denunciantes. Nas mensagens, há nomes de suspeitos de participarem da invasão das sedes dos Três Poderes, além de organizadores e financiadores dos ataques.

Um dia após os eventos, o ministério criou o canal [email protected] para receber informações. Em 7 mil mensagens, havia denúncias sobre deputados, governadores, vereadores e prefeitos que teriam participado ou organizado a manifestação golpista. Até mesmo a participação de militares aparece nas denúncias.

Os financiadores, por exemplo, foram alvo de 2.696 e-mails com denúncias. Já informações sobre os ônibus e caravanas que transportaram os golpistas até a capital federal aparecem 3.707 mensagens, que acumulam mais de 6 mil arquivos anexados.

Conforme o raio-x do ministério, o Pix foi um dos instrumentos utilizados pelos golpistas para angariar recursos que financiaram os ataques. Ao menos 559 mensagens citaram o uso dessa ferramenta. “O mapeamento é interessante porque, por meio do Pix, é possível chegar a uma pessoa que provavelmente estava na organização dos atos”, explica o secretário de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira.

Consequências

O Twitter foi a rede social mais citada pelos denunciantes. A rede aparece em mais de 12 mil e-mails, com 4.630 anexos, que 1.611 pessoas enviaram ao ministério. Os vídeos no Tiktok apareceram em 2.718 denúncias.

Entre os aplicativos de mensagem eletrônica, o WhatsApp aparece em 4.507 e-mails. Mais de 2 mil denunciantes enviaram cerca de 10 mil arquivos anexos compartilhados no aplicativo com informações sobre os golpistas. Já as conversas no Telegram foram citadas em 1.701 mensagens enviadas ao ministério.

Depois da triagem do material, o Ministério da Justiça encaminhou as informações à Polícia Federal (PF). “A gente não investiga, quem investiga é a Polícia Federal, pois é muito eficiente nisso. Ela vai cruzar com outras bases de dados e fazer o trabalho de detalhamento das denúncias”, disse Pereira.

Na última sexta-feira (3), a quarta fase da Operação Lesa Pátria, quando mais dois golpistas foram presos. Ao mesmo tempo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou à Justiça 653 suspeitos de participação nos atos golpistas.