O ministro de Interior da Colômbia, Afonso Prada, apresentou, na última segunda-feira (30), um balanço sobre o primeiro mês de vigência do acordo de cessar-fogo com dez grupos armados colombianos. Nas regiões com maior presença dos grupos armados que assinaram o pacto houve redução de pelo menos 50% das chacinas registradas, comparando janeiro do ano passado e o mesmo período deste ano.
Durante o primeiro mês de 2022 houve três mortos e 40 feridos. Já no início deste ano foram três mortes e nove pessoas feridas, segundo Prada.
"As cifras que apresentamos hoje são satisfatórias e mostram que levamos adiante um processo de diálogo, diferente e histórico, para desmontar estruturas de alto impacto do crime organizado e avançar simultaneamente com o acordo de paz com as organizações de cunho político, apesar das enormes dificuldades", disse o ministro Alfonso Prada.
Ao todo, dez grupos armados irregulares assinaram o pacto com o governo colombiano em setembro do ano passado, definindo que o cessar-fogo bilateral entraria em vigor a partir de 2023. A maioria tem presença na costa caribenha e na região do Pacífico da Colômbia.
Entre eles, estão algumas dissidências das FARC-EP, o "Estado Maior Central", chefiado por Nestor Gregorio Vera; a Segunda Marquetalia, sob comando de Iván Marquez; o Bloco Sul-oriental, e a Frente 33, que atua na região do rio Magdalena.
Já entre os grupos paramilitares estão as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), com presença no estado de Antioquia. E na costa caribenha estão o Clã do Golfo, a Serra Nevada de Santa Marta e o grupo Los Rastrojos, que atua na região fronteiriça com a Venezuela. Sobre este último, houve indícios de contribuir com o opositor venezuelano, Juan Guaidó, em 2019.
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Em Arauca, a queda de ocorrências foi de 66%, em Córdoba 51,6%, em La Guajira 16,7% e em Antioquia houve diminuição de 12% dos índices de violência.
Apesar dos números otimistas do governo, somente em 2023 foram registradas 12 chacinas, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento da Paz (Indepaz). Já no primeiro dia do ano, três pessoas foram vítimas de um massacre no município de Rio de Oro, departamento de Cesar.
Durante quatro anos do antecessor, Iván Duque, foram registradas 313 chacinas, com 1.192 vítimas, entre elas 957 defensores de direitos humanos e 261 ex-combatentes que assinaram os Acordos de Paz. Cerca de 43% dos casos permanecem sem identificação e punição dos autores do crime.
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O ministro Afonso Prada ainda disse que nos últimos 30 dias foram apreendidas 52,5 toneladas de cocaína, um número 15% maior em relação a janeiro de 2022.
"Há um cessar-fogo bilateral, mas a única coisa que não terá pausa é a luta contra o narcotráfico, o contrabando, a extorsão e a mineração ilegal", disse Prada.
A Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo, com cerca de 171 mil hectares de cultivo, que abastecem aproximadamente 70% do mercado mundial, de acordo com relatórios das Nações Unidas. Em 2021, houve um recorde de produção de cocaína: 1.136 toneladas, um aumento de 8% em relação ao ano anterior, segundo o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (UNODC).
O pacto de cessar-fogo será monitorado pela Missão de paz da ONU na Colômbia, pela Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos, pela Defensoria Pública colombiana e pela Igreja Católica.
Edição: Arturo Hartmann