Na semana em que o presidente eleito, Luiz Inácio da Silva (PT), deve anunciar mais nomes para os ministérios do novo governo, a Associação dos Povos Indígenas (Apib) divulgou uma carta aberta em que sugere nomes para o futuro Ministério dos Povos Originários.
A criação da pasta é uma promessa de campanha do petista anunciada desde o primeiro semestre deste ano. A medida é um avanço em relação a como a questão foi tratada no governo de Jair Bolsonaro (PL) quando o poder público não conseguiu nem mesmo garantir proteção aos povos originários na pandemia da covid-19.
Também não houve demarcações nos últimos quatro anos e aumentaram consideravelmente os casos de violência e as atividades ilegais em terras indígenas, como garimpos ilegais.
Para ocupar o ministério que vai propor soluções a essas questões a Apib sugeriu três nomes Sonia Guajajara, Joenia Wapichana e Weibe Tapeba.
“Acreditamos na importância da escuta e participação do movimento indígena nesse momento de reconstrução da democracia no Brasil, após o golpe de 2016 e os anos de política de morte dos últimos quatro anos. Decidimos encaminhar esta lista tríplice ao senhor, presidente Lula, por acreditarmos que seu governo será participativo e está atento aos anseios do nosso movimento, que luta pelo fortalecimento dos direitos dos povos indígenas”, diz a carta.
As indicações
O nome de Sonia Guajajara já havia sido cogitado para o nova pasta pouco tempo após o resultado das eleições. Liderança reconhecida mundialmente, ela se elegeu deputada federal por São Paulo.
Weibe Tapeba é advogado e vereador em segundo mandato na cidade de Caucaia/CE. Segundo o texto da Apib,a liderança, que tem vasta participação nas políticas indígenas, é nome de consenso entre povos e organizações Indígenas da região Nordeste.
Joenia Wapichana foi a primeira a primeira mulher indígena a ocupar o cargo de deputada federal. Eleita por Roraima, com histórico forte de atuação na luta pelos direitos dos povos originários, Wapichana também carrega o simbolismo de ter sido a primeira advogada indígena a exercer a profissão no país.
A carta divulgada pela Apib é assinada pela Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (ARPINSUDESTE), a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin Sul), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o Conselho do Povo Terena, a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e a Grande Assembléia do povo Guarani (ATY GUASU). Na lista está também a articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga).
Edição: Rodrigo Durão Coelho