Diálogos

Maduro celebra acordo com oposição e pede fim das sanções antes da eleição presidencial

Presidente falou em "eleições livres de sanções" e exigiu que a estatal Citgo tomada por Guaidó seja devolvida ao país

Caracas (Venezuela) |
Acordo foi assinado no México entre delegações do governo e da oposição - Prensa presidencial

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, celebrou o acordo assinado entre governo e oposição que prevê a liberação de fundos bloqueados em contas estrangeiras e disse esperar que quando o país realize as próximas eleições presidenciais em 2024 as sanções dos EUA já estejam suspensas.

As declarações foram dadas em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (30) da qual o Brasil de Fato participou.

"Queremos eleições livres... de sanções. Eles querem eleições livres, justas e transparentes? [Que sejam] eleições livres de sanções, que suspendam todas, levem todas embora para termos eleições frescas, bonitas e boas", disse Maduro.

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O mandatário fazia referência às demandas da delegação opositora na mesa de diálogos que foi reinstalada no México no último sábado. Uma das principais reivindicações da chamada Plataforma Unitária, que reúne os quatro principais partidos de direita da Venezuela, é a definição em conjunto de um cronograma e regras eleitorais para o próximo pleito presidencial.

"Esse setor da oposição participou de todas as aventuras golpistas dos últimos 20 anos. [...] Eles representam um setor da oposição que os EUA e a Europa querem impor à Venezuela, que buscaram uma mudança de regime, mas essa tentativa fracassou, nós os trouxemos para o caminho eleitoral", disse Maduro.

No último sábado, as delegações da mesa de diálogo assinaram um acordo que prevê a liberação de mais de US$ 3 bilhões que pertencem ao Estado venezuelano e que estão congelados em contas estrangeiras. Segundo o documento, os valores serão destinados para investimento social nas áreas de educação, saúde, eletricidade e recuperação de áreas afetadas pelas chuvas.

"Estamos recuperando US$ 3 bilhões de um total de mais de US$ 24 bilhões que estão bloqueados. Já fizemos um plano detalhado para investir esse dinheiro para atender as necessidades do nosso povo, a qualquer momento vamos anunciar esse plano", prometeu Maduro.

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O presidente ainda afirmou que a delegação governista na mesa de negociações deve exigir a devolução da Citgo, uma subsidiária da estatal petroleira PDVSA que fica nos EUA e que foi tomada pela oposição ligada ao ex-deputado Juan Guaidó com o aval do ex-presidente Donald Trump.

"A devolução da Citgo é um elemento vital para continuar avançando nas negociações, para que a Citgo volte para as mãos dos venezuelanos e para que os dividendos da empresa dos últimos quatro anos sejam liberados também para investimento social, nossa delegação vai exigir isso", afirmou.

Em outubro, uma decisão de um tribunal estadunidense voltou a ameaçar a existência da Citgo. O caso responde a uma ação movida pela mineradora canadense Crystallex que exige a liquidação da empresa venezuelana como ressarcimento pela expropriação de uma mina na Venezuela durante o governo de Hugo Chávez, em 2008.

"Os credores da Citgo são ilegítimos", disse Maduro. "É uma extorsão, uma estafa, a empresa deve voltar para a Venezuela de maneira limpa, sem credores, essa ilegalidade deve ser corrigida".

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O mandatário ainda mencionou a licença emitida pelos EUA horas depois da assinatura do acordo no último sábado que permitiu que a gigante energética Chevron volte a operar na Venezuela. Segundo o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA, a empresa poderá retomar a produção nas plantas mistas em que têm participação, mas não poderá pagar impostos e royalties para a PDVSA e para o Estado. 

Apesar de não dar detalhes sobre os termos da retomada da exploração de petróleo pela empresa, Maduro afirmou que será benéfico para ambas as partes.

"Não quero ser porta-voz do assunto Chevron porque é muito técnico, deixo para o Ministério do Petróleo. O que eu posso dizer é que serão acordos nos marcos da Constituição e serão acordos ganha-ganha, a Venezuela vai ganhar, a Chevron vai ganhar e o mundo vai ganhar", disse.

Edição: Thales Schmidt