Durante o programa Em Pauta, da GloboNews, na sexta-feira (11), a jornalista Eliane Cantanhêde criticou o protagonismo da futura primeira-dama Janja Lula da Silva durante a transição de governo. A socióloga, mulher do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, coordena o grupo técnico responsável pelos preparativos da posse presidencial. Para a comentarista, no entanto, Janja deveria limitar o seu papel ao quarto do casal.
A jornalista citou a ex-primeira-dama Ruth Cardoso – mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que morreu em 2008 – como exemplo a ser seguido por Janja. Durante as eleições de 2010, Cantanhêde virou motivo de piada ao dizer que o PSDB era um partido de massa, “mas uma massa cheirosa“, desvelando preconceito e elitismo.
“Eu acho que um bom exemplo de primeira-dama foi a Ruth Cardoso que, como a Janja, tinha um brilho próprio, era uma professora universitária, era uma mulher super respeitada na área dela, e cuidou da Comunidade Solidária”, afirmou a jornalista. “Mas ela não tinha protagonismo, ela não tinha voz nas decisões políticas. Se tinha, era a quatro chaves dentro do quarto do casal”, sugeriu.
As palavras da jornalista causaram uma onda de indignação nas redes sociais. Como resultado, “Respeita a Janja” ficou em primeiro lugar entre os termos mais comentados do Twitter neste sábado (12), com mais de 10 mil citações. A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), foi uma das primeiras a reagir. Nesse sentido, ela denunciou o “machismo incrustado na cabeça de mulheres ditas esclarecidas” e classificou a fala de Cantanhêde como “desprezível”.
“O tempo das primeiras-damas recatadas e do lar passou”, comentou o também deputado Alexandre Padilha (PT-SP), em referência a Marcela, mulher de Michel Temer. Ele afirmou ainda que Janja “não vai se curvar as constantes tentativas de enquadra-la num papel conservador e misógino”.
“Machismo é um horror. Quando vem de uma mulher, é uma aberração”, afirmou a cantora Zélia Duncan. “Mulheres têm completa autonomia para participar de espaços de decisão sem a chancela de homens”, disse a professora Ana Estela Haddad, em apoio a Janja.
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