A 4ª Vara do Tribunal do Júri de Belém absolveu o técnico agrícola Geraldo Magela de Almeida Filho, acusado da morte de Alberto Xavier Leal, um dos envolvidos no assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang.
Alberto Xavier Leal, conhecido como "Cabeludo" morreu no município de Anapu, nordeste do Pará, no mesmo dia do assassinato da missionária, em 12 de fevereiro de 2005. Magela era ligado ao grupo da irmã Dorothy e atuava com o Incra na avaliação de terras para assentamentos.
:: Irmã Dorothy segue inspirando luta camponesa, 15 anos após ser morta por fazendeiros ::
Segundo as investigações, um grupo de agricultores - entre eles Magela - ficou revoltado com a morte de Stang e procurou Leal. Ao chegarem lá, um dos agricultores teria atirado nas costas de Leal.
No depoimento à Justiça prestado via internet, Magela negou a autoria do crime e relatou que o delegado responsável pelo caso o indiciou por represália. Magela disse ter denunciado à polícia a pistolagem em Anapu e a expulsão de assentados e dos técnicos agrícolas que prestavam apoio aos projetos.
O réu também acusou a Polícia Civil de omissão. Já o delegado que atuava na região alegou que não tinha efetivo para ir até o assentamento. Os jurados não reconheceram o réu como acusado de homicídio, acatando a tese da defesa, que negou a autoria.
Relembre o caso
A missionária americana da ordem de Notre Dame Dorothy Mae Stang foi morta aos 73 anos em Anapu, sudoeste do Pará. Ela trabalhava com comunidades em projetos de desenvolvimento sustentável.
Segundo o Ministério Público, a morte da missionária foi encomendada pelos fazendeiros Vitalmiro Bastos e Regivaldo Galvão. Amair Feijoli da Cunha, que teria sido pago por Viltamiro para executar a missionária, foi condenado a 18 anos de prisão como intermediário do crime.
Rayfran das Neves Sales, condenado a 27 anos de prisão por ser assassino confesso de Dorothy Stang, deixou o regime fechado para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar em julho de 2013. Clodoaldo Carlos Batista, acusado de ser comparsa de Rayfran, foi condenado a 17 anos de prisão e deixou a Casa do Albergado, localizada em Belém, em fevereiro de 2011. Ele permanece foragido.
O crime ganhou repercussão internacional, chamando a atenção de entidades ligadas aos direitos humanos e a reforma agrária.
Edição: Nicolau Soares