Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da França, Emmanuel Macron, se encontraram nesta segunda-feira (07) em Sharm el-Sheik, no Egito, na COP27. Durante a conversa, o mandatário francês disse que a América do Sul está "se recompondo" e que o presidente argentino Alberto Fernández teria falado bem de Maduro a ele.
"O continente está se recompondo e há um caminho que devemos seguir", disse Macron.
Maduro, por sua vez, convidou o francês a visitá-lo em Caracas e afirmou que "a França tem que jogar um papel positivo" nessa recomposição sul-americana.
O presidente francês ainda afirmou que "meu amigo Alberto Fernández me falou muito de você, muito bem", ao que Maduro respondeu: "ele me disse, temos bons amigos em comum".
A conversa entre Macron e Maduro é mais um sinal de aproximação do governo francês com líderes de esquerda da América Latina. Após a vitória de Lula nas eleições brasileiras, o mandatário da França divulgou um trecho de sua conversa com o presidente eleito na qual cumprimentava Lula pela vitória e dizia que "esperava com muita impaciência esse momento".
::O que está acontecendo na Venezuela::
Durante o diálogo com Maduro, Macron também confirmou um encontro entre presidentes sul-americanos em Paris. "Os presidentes da Argentina [Alberto Fernández] e da Colômbia [Gustavo Petro] estarão em Paris nos próximos dias", disse o francês.
Informações sobre a reunião já haviam sido divulgadas pela imprensa colombiana mais cedo. Segundo o jornal El Tiempo, o encontro aconteceria na próxima sexta-feira (11) e contaria também com a presença dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do México, Andrés Manuel López Obrador.
Ainda de acordo com o periódico, as delegações do governo e da oposição (comandada por Juan Guaidó) da Venezuela que compõem a mesa de diálogo também estarão na reunião. Segundo o jornal, o governo francês teria intenções de sediar as conversas que aconteciam até outubro do ano passado no México.
A Macron, Maduro confirmou a ida do presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodríguez, a Paris. O chavista é presidente da delegação governista na mesa de negociações.
O mandatário francês ainda deixou clara sua disposição em trabalhar em conjunto com a Venezuela e disse que ligaria para Maduro em breve.
"Adoraria que pudéssemos conversar um pouco mais e começar um trabalho bilateral que seja útil para o país e para a região. [...] Presidente, eu vou te ligar quando tudo isso passar", disse Macron, provavelmente referindo-se à COP27 e ao encontro do G20, que ocorre nos dia 15 e 16 de novembro.
A postura do europeu marca uma mudança na linha diplomática da França em relação à Venezuela. Paris, em 2019, decidiu reconhecer o então deputado Juan Guaidó como "presidente interino" do país e classificar o governo Maduro como "uma ditadura".
Em julho, durante a cúpula do G7 que ocorreu na Alemanha, os interesses da França em se reaproximar da Venezuela já haviam sido manifestados quando um representante do governo francês disse a repórteres, segundo a Reuters, que Paris estaria trabalhando pela diversificação de fontes de combustíveis e pela reincorporação do petróleo iraniano e venezuelano ao mercado ocidental. Irã e Venezuela são alvos de sanções por parte dos EUA.
*Atualizada em 08/11/2022 às 9h50 após a reportagem ter acesso a um vídeo que mostrava Macron citando nominalmente o presidente da Argentina, Alberto Fernández. As partes que davam essa informação anteriormente como não nominada foram atualizadas.
Edição: Arturo Hartmann