"titã esquerdista"

Com vitória de Lula, jornais internacionais destacam derrota da extrema direita

Publicações ressoltam a derrota nas urnas de aliado de Trump e o silêncio de Bolsonaro com o resultado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Vitória de Lula seria duro golpe contra extrema direita - Ricardo Stuckert

A vitória de Lula nas eleições presidenciais marca o retorno do "titã esquerdista do Sul Global", publicou o jornal The Washington Post em reportagem sobre as eleições presidenciais. Na imprensa estrangeira, os destaques foram para a derrota da extrema direita com a queda de Jair Bolsonaro (PL), o fortalecimento da esquerda na América Latina e o suspense com o não reconhecimento pelo presidente em exercício do resultado das urnas. 

O Washington Post ressaltou que Bolsonaro é um "firme aliado de Trump" e que sua derrota foi comemorada com fogos de artifício no Rio de Janeiro e gritos nas janelas em São Paulo. Para vencê-lo, Lula "se moveu ao centro durante a campanha".

"A vitória de Lula, que cumpriu dois mandatos como presidente de 2003 a 2010, devolve um titã esquerdista do Sul Global ao palco mundial, onde a sua voz progressista se manterá em nítido contraste com a do presidente de direita - e agora de um mandato - Jair Bolsonaro. Para a América Latina, o regresso de Lula ao Palácio do Planalto acrescenta o gigante regional a uma série de vitórias da esquerda: Lula junta-se a um clube de líderes que já derrotaram a direita política na Colômbia, Chile, Peru, Honduras, Argentina e México", afirmou Washington Post.

Já o New York Times publicou que "o Brasil acordou na segunda-feira para um momento pelo qual há muito se preparava" e que o país escolheu "ejetar Bolsonaro". A publicação dos EUA também ressaltou a coalizão lulista que reúne "comunistas e centristas".

"A vitória completa, um espantoso renascimento político para o Sr. da Silva - desde a presidência, até à prisão e o regresso - que parecia impensável. Acaba também o tempo turbulento do Sr. Bolsonaro como o líder mais poderoso da região", afirma o New York Times. "Durante anos, [Bolsonaro] atraiu a atenção mundial para políticas que aceleraram a destruição da floresta amazônica e exacerbaram a pandemia, que deixou quase 700.000 mortos no Brasil, ao mesmo tempo que se tornou uma figura internacional importante da extrema direita pelos seus ataques impetuosos à esquerda, aos meios de comunicação social e às instituições democráticas do Brasil."

O New York Times ressaltou que Bolsonaro ataca sem provas o sistema eleitoral brasileiro e que as Forças Armadas participam de seu esforço contra as urnas eletrônicas. O jornal lembra, também, que até o momento Bolsonaro não reconheceu sua derrota e que ele foi um dos últimos líderes do mundo a reconhecer a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, em 2020.

O espanhol El País publicou o texto sobre a vitória de Lula com o destaque para uma definição da "eleição mais disputada da história do Brasil". O jornal ainda registrou que a campanha eleitoral também foi histórica, mas no sentido negativo por sua carreira de "mentiras e golpes baixos".

O periódico destaca que existe um temor de que Bolsonaro tente uma ação golpista nos moldes de Trump e que o Brasil deverá "voltar com força para a arena internacional", "impulsionado por uma América Latina que completa a sua mudança para a esquerda".

"Esta vitória significa que a esquerda brasileira está de volta ao poder duas décadas após a sua primeira vitória histórica e seis anos após sua sucessora ter sido destituída num impeachment. Os brasileiros depuseram o seu primeiro presidente de extrema direita, um antigo militar nostálgico da ditadura que durante quatro anos submeteu as instituições a uma tensão aguda e constante", disse o El País.

Edição: Arturo Hartmann