ódio religioso

Crescem ataques de bolsonaristas à Igreja Católica; fiéis, padres e até o papa são alvo

Ofensiva contra a religião tomou força no Dia de Nossa Senhora, com visita de Bolsonaro à Basílica de Aparecida

São Paulo (SP) |
Postagem do papa em sua conta do Twitter em português no Dia Mundial da Alimentação levou a ataques bolsonaristas - ALBERTO PIZZOLI/AFP

A conta do Papa Francisco em português no Twitter fez, neste domingo (16), postagens que faziam referência ao Dia Mundial da Alimentação. O texto faz um elogio à caridade: "Deus Todo-Poderoso abençoe abundantemente aqueles que dividem o pão com os famintos"

Foi a senha para que dezenas de perfis bolsonaristas iniciassem uma reação em massa. A publicação teve mais de 1,5 mil comentários, muitos deles com críticas e ataques à Igreja Católica e à figura do Papa

A ofensiva bolsonarista contra a Igreja Católica, no entanto, já havia sido deflagrada em 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida. Bolsonaro esteve presente na missa em homenagem à santa.

Seus apoiadores, que estavam do lado de fora do santuário, aparentemente alcoolizados, hostilizaram a equipe da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, que estava no local fazendo a cobertura. Houve ainda relatos de que uma pessoa vestida de vermelho foi hostilizada pelos bolsonaristas.

Outro grupo de bolsonaristas entrou na sacristia da Basílica para exigir que os sinos da igreja fossem paralisados, pois o som estaria atrapalhando o ato deles.

Para o frei Marcelo Toyansk, assessor da Comissão de Justiça e Paz da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o uso eleitoral da religião é preocupante. "A religião não está a serviço da política. Ela vem para iluminar a vida da gente, a vida da sociedade, mas não é para ser usada por um partido ou outro", afirma.

Ele diz ainda que a estratégia da campanha bolsonarista de usar assuntos de uma "pauta de costumes", como igreja, aborto e banheiros unissex - usualmente com o uso de notícias falsas - pode ser uma tentativa de esconder os defeitos do governo. "As pessoas se ligam muito a questões imediatas, como a família, a igreja que frequenta, o grupo que participa. Falta, muitas vezes, um conhecimento do todo, da sociedade e da política", acredita. "As pessoas não têm clareza de que as questões que acontecem em Brasília refletem diretamente na sua vida cotidiana".

A partir do episódio da Basílica de Aparecida, os casos de agressão de militantes de extrema direita bolsonaristas a igrejas católicas se multiplicaram. Relembre alguns casos:

16/10 - Fazenda Rio Grande - PR

18/10 - Jacareí - SP

13/10 - Padre Zezinho fecha redes sociais até 31 de outubro por ataques virtuais

 

Edição: Rodrigo Gomes