O Brasil teve um número 19% maior de mortes do que o esperado em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19. São cerca de 190 mil vida perdidas somente naquele ano, incluindo mortes causadas pela pandemia de forma direta ou indireta – pela sobrecarga nos sistemas de saúde e outros impactos sociais.
Os dados são de um estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz e da Universidade Estácio, divulgado nesta quinta-feira (20) - acesse aqui o artigo completo.
"Algumas causas de morte têm relação com a desassistência provocada pela reorganização da rede assistencial, outras com a mudança nos padrões de interação social na população. Esse diagnóstico é importante porque indica a necessidade de os sistemas locais de saúde serem mais resilientes, para que possam sustentar serviços essenciais de saúde durante crises, incluindo sistemas de informação de saúde mais consistentes", destacou o pesquisador da Fiocruz Raphael Guimarães, um dos autores do estudo.
O cálculo é feito com base em números de mortes de anos anteriores. A partir daí, é feita uma estimativa de quantas mortes seriam esperadas para um determinado local e por certas causas. O cálculo define a razão de mortalidade padronizada (SMR, na sigla em inglês).
"O monitoramento do excesso de mortalidade fornece uma ideia mais abrangente do impacto do covid-19, para além do número de mortes por COVID-19 relatadas pelos sistemas de informação", afirma o artigo.
O grupo de doenças infecciosas e parasitárias foi o que mais se destacou entre as causas definidas. Outro crescimento expressivo se deu no grupo de mortes por causas mal definidas.
"Isso tem relação direta com a dificuldade na oportunidade de preenchimento das declarações de óbito e é possível que boa parte destas tenha relação direta com a covid-19", explica Guimarães.
Diferenças regionais
Embora todas as unidades da federação tenham registrado um aumento no número de mortes, a pesquisa identificou diferenças consideráveis entre os estados.
Os estados da região Norte registraram os resultados mais negativos, todos com SMR acima da média nacional. Os destaques tristes ficam para Amazonas, Amapá e Roraima, este o estado com o maior excesso de mortes no país. Os três estados da região Sul tiveram aumentos menores, abaixo da média brasileira.
Edição: Thalita Pires