Desinformação e baixo nível. Essa foi a tônica do debate entre candidatos à Presidência da República transmitido pelo SBT na noite deste sábado (24). Sem a presença do líder das pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a discussão foi marcada pelo excesso de pedidos de direito de resposta, por ofensas e pela ausência de propostas reais para resolver os problemas da população brasileira.
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O jornalista Carlos Nascimento, mediador do debate, precisou dar uma bronca nos candidatos para lembrá-los de respeitar o tempo de resposta de cada um. Seis candidatos ao pleito deste ano se encontraram no debate dentro dos estúdios do SBT, e que também teve participação do site Terra, da emissora CNN Brasil, das rádios Nova Brasil FM e Estadão/Eldorado, além da revista Veja.
A presença que mais chamou a atenção foi do candidato Kelmon Luís (PTB). Substituto do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que teve o registro de sua candidatura negado pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele colaborou com a pobreza de ideias do debate. Convidado pelo fato de o PTB ter representação no Congresso Nacional, mas sem pontuar nas pesquisas, o autointitulado "padre" se fez presente para servir de "muleta" ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Desde a primeira pergunta, a dobradinha Bolsonaro-Kelmon usou e abusou da desinformação. Um dos aspectos explorados pela dupla de extrema-direita foi a suposta perseguição do PT a igrejas, o que jamais ocorreu em 14 anos do partido no comando do governo federal. Além dessa, outras mentiras foram ditas pelos candidatos, que não foram rebatidos ou confrontados por informações verdadeiras.
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A defesa de Bolsonaro por Kelmon foi tão firme que o suposto padre chegou a afirmar que o atual presidente estava sofrendo um "massacre" dos adversários. "Estamos vendo um massacre, nunca tinha visto isso na minha vida. Cinco partidos que se juntaram para bater em um Presidente da República com falácias, mentiras, inventando", disse. Ele ainda defendeu políticas sociais e econômicas tomadas pelo governo de Bolsonaro.
O debate também foi repleto de ofensas e, por consequência, pedidos de direito de resposta pelos candidatos. Bolsonaro, por quatro vezes, Soraya Thronicke (União Brasil) e Ciro Gomes (PDT) (uma vez cada um) tiveram solicitações aceitas pela organização do debate. Entre as acusações consideradas ofensivas, estão acusações de corrupção e xingamentos.
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Ciro insistiu nas críticas ao PT e na equiparação de Lula e Bolsonaro. Segundo ele, o "lulopetismo" é responsável pela "morte do jornalismo". O pedetista fez a afirmação depois de ouvir uma pergunta da repórter Tatiana Farah sobre seu posicionamento em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, cenário mais provável de acordo com as pesquisas eleitorais.
"O senhor tem subido de tom nas críticas que tem feito ao ex-presidente Lula. Uma parte de seus eleitores, entretanto, já declarou voto útil no petista. Para onde vai o PDT em um eventual segundo turno. Se o PDT aderir ao PT, o senhor vai deixar a legenda?", questionou Farah. "Como é que nós estamos em um debate, eu me apresentando como candidato à presidente e sou agora convidado a refletir sobre o movimento que teoricamente eu deveria fazer", declarou Ciro.
Lula não foi ao debate organizado por um grupo de veículos de comunicação e transmitido pelo SBT. O candidato petista trocou a participação por uma série de motivos. O principal deles é a realização de dois atos na periferia de São Paulo, um no Grajaú, na zona sul, e em Itaquera, na zona leste.
Edição: Thalita Pires