O Palácio do Campo das Princesas terá pela primeira vez uma mulher ocupando a cadeira de governadora. Após conseguir uma vaga para o segundo turno em uma disputa acirrada, Raquel Lyra (PSB) virou o jogo e será a próxima governadora, com 58,70% dos votos dos pernambucanos.
Raquel derrotou sua oponente Marília Arraes (SD), que contou com 41,30% dos votos, mostrando que a nacionalização do debate teve pouco efeito no estado, já que no segundo turno, Lula declarou apoio à Arraes.
Para o cientista político Adriano Oliveira, o resultado foi repleto de surpresas. "A surpresa foi que a nacionalização não foi suficiente para fazer com que Marília Arraes vencesse a eleição; que Raquel Lyra conseguiu, com sua estratégia neutra, conquistar eleitores de Bolsonaro e conquistar eleitores de Lula; e também é possível - mas não sabemos, eu não saberia dizer qual foi o tamanho da influência - que o falecimento do esposo de Raquel pode ter trazido fortes sentimentos de empatia por Raquel Lyra, consolidando, então, a sua vitória", analisa.
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Em entrevista coletiva após a divulgação do resultado da apuração, a psdbista anunciou as expectativas para o seu governo. Ao longo de toda a campanha, Raquel se colocou como candidata para eleitores tanto de Lula, quanto de Bolsonaro, assumindo uma postura de neutralidade.
"O nosso estado precisa voltar a gerar oportunidade pra sua gente, e é com este mesmo espírito, desmontados os palanques, já a partir de agora, que nós vamos trabalhar para ser governadora de todos e todas os pernambucanos e pernambucanas e buscar os recursos onde quer que seja necessário para fazer os enfrentamentos, gerar as obras e as oportunidades de que o nosso estado precisa", destacou.
A governadora eleita demonstrou um aceno ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, a fim de garantir o apoio do governo federal na sua gestão. "Lulistas e bolsonaristas votaram com a gente, acreditando na gente. Assim como o Brasil, Pernambuco escolheu o seu presidente, e eu quero parabenizar o presidente Lula, dizer que com ele, já a partir da semana que vem e no início do ano que vem, nós vamos buscar projetos, ações, investimentos necessários para superar este momento desafiador que o nosso país vive e que o nosso país Pernambuco vive também", vislumbra a futura governadora.
:: Cidade em que Lula foi mais bem votado em Pernambuco é Terra Nova, com 92% ::
Aceno para Lula e relação com apoiadores bolsonaristas
A harmonia entre as forças pode não ser uma tarefa fácil, uma vez que a maioria dos partidos que deram apoio a Raquel é formada por bolsonaristas e opositores de Lula, entre eles estão União Brasil, PP, Podemos, Progressistas, PRTB, Novo e o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
"A minha curiosidade é de como Raquel irá conduzir. Primeiro, de não se indispor com o Presidente da República, portanto, não permitir que o PT faça uma forte oposição a ela. Em segundo lugar, por ela não querer se indispor, ela também terá que distribuir espaços para pessoas que sempre foram oposição ao ex-presidente Lula - como Mendonça (Filho), Daniel (Coelho) e Miguel Coelho. Como ela lidará com isso? Então, o grande desafio dela é ter uma boa relação com o presidente Lula e também agradar seus aliados que são opositores a Lula", aponta o cientista político Adriano Oliveira.
A relação de Raquel Lyra com o futuro presidente será de extrema relevância para o estado, uma vez que os governos do PT possuem uma tradição de investir no Nordeste, ao contrário do atual. "Eu avalio que ela pode ser beneficiada pela possibilidade de o governo Lula ser um sucesso na área da economia. Ela também pode ser beneficiada pelo olhar do presidente Lula para com Pernambuco e para o Nordeste. Nós sabemos que foi o Nordeste que elegeu o ex-presidente Lula e nos governos anteriores do PT, o PT sempre deu uma atenção ao Nordeste", conclui.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga