LUTO

Faleceu neste sábado (17) o escritor Avelino Capitani

Ex-dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Capitani participou da Rebelião dos Marinheiros logo após o golpe

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Avelino Capitani recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do então governador Olívio Dutra - Arquivo pessoal

Faleceu neste sábado (17) de complicações de um câncer Avelino Capitani, ex-dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB), anistiado da ditadura militar. A despedida será no domingo (18), das 8h30 às 11h30, no Cemitério João XXXIII, capela 3, Av. Natal, 60, Bairro Medianeira, Porto Alegre.

Marinheiro reformado e escritor, Capitani nasceu em 18 de agosto de 1940, no Alto Tamanduá, hoje Progresso. Filho de João Capitani e Oliva Bioen Capitani, casou-se em 1981 com Teresa de Jesus Reckziegel de Lucena, tendo a filha Juliana, nascida em 1993. 

Pequeno agricultor, em 1954 foi trabalhar numa criação e engorda de porcos no Bairro Conservas de Lajeado. Dois anos depois, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou numa fábrica de móveis.

Em 1959 fez concurso para a Escola de Aprendiz de Marinheiro, em Florianópolis, seguindo no ano seguinte para a Marinha no Rio de Janeiro. Em 1962, filiou-se à Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB), recém-fundada. Após o golpe de 1964, como um dos diretores da Associação, participou da chamada Rebelião dos Marinheiros, sobre a qual escreveu um livro. Foi preso e no final daquele ano fugiu da prisão do Alto da Boa Vista (RJ), e se exilou no Uruguai.


Como um dos diretores Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil participou da chamada Rebelião dos Marinheiros / Arquivo pessoal

Ao final de 1965, viajou clandestinamente para Cuba, onde estudou Artes Militares ou treinamento de guerrilha. Voltou para o Brasil clandestinamente para participar da Guerrilha do Caparaó. Preso em 1967 na Penitenciária Lemos de Brito no Rio de Janeiro, novamente fugiu em 1969 e participou da Guerrilha Urbana no Rio. Em 1970, exilou-se territorialmente no Chile e voltou a Cuba. Em 1974, regressou clandestinamente ao Brasil, para passar por diversos países, participando da reorganização da esquerda. Posteriormente, integrou-se como militante do MR8.

Em 1980 fui anistiado e passou a residir em Porto Alegre.

Depois de ter sido anistiado, Capitani continuou militando no PCB, em entidades de classe, sindicatos e associações. Em 1982, filiou-se no PT. No governo municipal de Porto Alegre, na gestão de Olívio Dutra, foi Diretor do Departamento de Fiscalização da SMIC - Secretaria Municipal de Indústria e Comércio.

Em 1985, fez um Curso de Ciências Políticas na Alemanha Oriental. Em 1989, fez vestibular para Geografia na UFRGS onde estudou por dois anos, mas desistiu para cursar a UNIPAZ-SUL (Universidade Holística Internacional).

Aposentou-se por problemas de saúde. Em 2003, foi anistiado com todos os direitos. Atualmente, participava de uma ONG de Educação Cooperativa e Projetos Sociais (Coletivo Planta Sonhos). Em 28 de novembro de 1997, publicou a autobiografia "A Rebelião dos Marinheiros – memórias da Revolução de 1964", com 192 páginas, pela Editora Artes e Ofícios, reeditada pela Editora Expressão Popular, em 2005.

Em 2001, publicou "Porque Chora Carol", pela Editora Hercules. Em 5 de novembro de 2007, lançou o livro "Depois do Amanhecer", pela Editora AGE, na 53ª Feira do Livro de Porto Alegre. Também participou nos livros "Nossa paixão era inventar um novo tempo", pela Editora Rosa dos Ventos, em 1999, e a obra "Sessenta e Quatro para Não esquecer", pela Editora Literalis, em 2004. Participou na montagem de filmes e documentários.


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko