O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi entrevistado nesta segunda-feira pelo jornalista William Waack, na rede CNN Brasil. O programa faz parte da série "WW Especial: Presidenciáveis", da qual já participaram quatro candidatos à Presidência nas eleições deste ano: Ciro Gomes, Simone Tebet, Soraya Thronicke e Felipe D'Avila. Jair Bolsonaro (PL) não respondeu ao convite da CNN Brasil.
Na entrevista, Lula disse que, se eleito, vai realizar investimentos estatais como forma de recuperar a economia e gerar empregos ao povo, respeitando o meio ambiente. "Pra gente consertar o Brasil agora, temos que ter três ingredientes: credibilidade. Quando a pessoa que preside o país falar, as pessoas devem entender que ali há seriedade. A segunda coisa é estabilidade, garantia jurídica. A terceira coisa previsibilidade. Não existe mágica na economia." disse Lula.
"Hoje temos uma crise mundial, o fato de o Brasil crescer muito pouco e o presidente fazer dívida é um problema, que eu quero resolver. Quero provar mais uma vez que é possível os mais humildes viverem bem e a economia cresça. Para isso é preciso investimento", afirmou.
"A primeira coisa que pretendo fazer em janeiro é me encontrar com todos os 27 governadores, independente de a qual partidos pertençam. Quero um levantamento dos três projetos de infraestrutura de cada um deles, de todos os projetos do PAC prontas para serem trabalhadas."
Na sabatina, Waack disse que o próximo presidente vai enfrentar uma situação inédita de dependência do Legislativo, com a aprovação do orçamento secreto, que libera milhões de reais em emendas. Lula disse que o presidente da República "não pode ser refém" de congressistas e que a solução virá de diálogo, comprometendo-se a conversar com todos, "goste ou não goste".
"O atual presidente da República foi cooptado pelo parlamento. O governo está tão fraco que o Congresso se apoderou", disse Lula, numa crítica a Bolsonaro.
Clima e meio ambiente
Nesta segunda, Lula formalizou uma aliança com Marina Silva (Rede), de quem se distanciou politicamente por anos e agora retoma a parceria com foco especial na questão ambiental. Waack questionou como Lula pretende se relacionar com o setor do agronegócio, que criticou o ex-presidente por falas anteriores.
Lula disse que o setor "nunca teve tanto financiamento como nos governos do PT" e que os empresários sérios abraçam a bandeira da preservação ambiental, "sem essa quantidade de agrotóxico, sem destruir biomas."
Preservar o ambiente é chave também para recuperar o respeito internacional perdido nos anos Bolsonaro, segundo Lula. Além disso, o ex-presidente disse que não pretende escolher entre China e EUA. "Não vivemos outra Guerra Fria".
Lula finalizou dizendo que sabe que o próximo presidente vai herdar um país que vive um clima crescente de violência política. Para resolver isso, o próximo presidente precisa "trazer paz, não aumentar a violência".
O Brasil não tem contencioso internacional. Quem criou o contencioso foi o atual presidente. O Brasil tem que estar bem com todo o mundo. Com os EUA, a China, a Europa, América Latina. #LulaNaCNN
— Lula 13 (@LulaOficial) September 12, 2022
A entrevista terminou de forma inusitada. Na última pergunta, ao falar do clima de violência política, William Waack perguntou se Lula cogitaria anistiar Bolsonaro – eventual futuro líder de oposição, enfrentando problemas com a justiça – em uma tentativa de “pacificar” o país.
Lula ignorou a sugestão do jornalista e finalizou dizendo que sabe que o próximo presidente vai herdar um país que vive um clima crescente de violência política. Para resolver isso, o próximo presidente precisa "trazer paz, não aumentar a violência".
Mas a sugestão de Waack não passou despercebida. A deputada federal e candidata a reeleição Jandira Feghali (Pcdo B – RJ) comentou:
Agora Willian Waack se superou. Anistiar Bolsonaro???? Que pergunta foi essa? Ato falho ou preocupação com o destino do presidente? #LulaNaCNN
— Jandira Feghali 6565 🇧🇷🚩 (@jandira_feghali) September 13, 2022
Edição: Thalita Pires