O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será entrevistado pelo jornalista William Waack, na rede CNN Brasil, às 20h desta segunda-feira (12). O programa faz parte da série "WW Especial: Presidenciáveis", da qual já participaram quatro candidatos à Presidência nas eleições deste ano.
A conversa com Lula estava marcada inicialmente para o dia 30 de agosto, mas teve que ser remarcada por problemas de agenda. Antes dele, já participaram do programa os candidatos Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe D’Avila (Novo), Ciro Gomes (PDT) e Soraya Thronicke (União Brasil), todos entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) inicialmente marcou sua participação para o dia 31 de agosto, mas cancelou e não informou se pretende agendar uma nova data.
Ciro: "está proibido empenhar emenda de relator, ponto final"
Em sua participação no dia 1 de setembro, o ex-ministro Ciro Gomes criticou a participação de militares da ativa no governo atual. "Isso não existe em lugar republicano nenhum. No meu governo acaba no primeiro dia. Quem quiser participar da política larga a farda, e é muito bem-vindo", afirmou.
Ele também criticou a instabilidade entre os poderes, em especial Executivo e Judiciário, que considera responsabilidade de Bolsonaro.
Ciro ainda afirmou que, se eleito, vai acabar com as emendas de relatos, o chamado Orçamento Secreto, impedindo o empenho dos recursos previstos no orçamento. "Eu não permito empenhar. Eu sei o que é isso. Quem empenha – ou seja, quem declara que vai ser pago essa ou aquela despesa é o Executivo. No primeiro dia, está proibido empenhar emenda de relator, ponto final".
Ciro também respondeu a perguntas sobre uma declaração dada em reunião com empresários de que teria realizado um "comício para gente preparada". "Imagina eu explicar isso na favela", completou. A fala foi criticada por ativistas do movimento negro e das periferias.
Na resposta, Ciro defendeu a fala e aproveitou para novamente realizar ataques contra Lula e Bolsonaro, igualando os dois concorrentes.
"Se minha expressão permitiu essa manipulação esperta dos meus adversários, eu tenho que me penitenciar por isso, porque esse aqui não é um ambiente de inocentes. É um ambiente que infelizmente tem a polarização de dois corruptos sem nenhum tipo de escrúpulos. O que eu fiz ali é o que eu tenho tentado repetir, eu fiz uma palestra em termos técnicos", disse à CNN.
Simone Tebet: "o teto fica"
A senadora Simone Tebet (MDB) esteve no programa no dia 29 de agosto e também discutiu a relação entre Executivo e Judiciário. Para ela, o chamado ativismo judicial - crítica segundo a qual o Supremo Tribunal Federal (STF) tem se envolvido em temas próprios de outros poderes, especialmente o Legislativo - é culpa dos atores políticos.
Mesmo assim, Tebet defendeu mudanças no papel do STF previsto na Constituição, instituindo mandatos limitados para os ministros e retirando o papel de Corte criminal.
"É preciso trazer novamente a constituição como nossa Bíblia jurídica e política, inclusive discutindo o tamanho do papel do Supremo Tribunal Federal, vamos ser bem objetivos em relação a isso", afirmou.
Tebet também defendeu a manutenção do Teto de Gastos, política instituída por Michel Temer, também do MDB, após o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT), e que limita os investimentos do governo em políticas públicas como saúde e educação.
"O teto de gastos é a única âncora fiscal que sobrou no país. O teto fica. A gente excepcionalmente, colocando regras, estabelece, para o ano que vem, que a gente precisa realmente tirar do teto o extra para garantir comida para quem precisa", afirmou, cobrando ainda a realização das reformas tributária e administrativa para "compensar" a manutenção do auxílio de R$ 600.
"Isso está precificado pelo mercado", destacou.
Soraya: "temos que apertar os cintos"
A também senadora Soraya Thronicke (União Brasil) concedeu entrevista no dia 2 de setembro. Ela defendeu sua proposta de imposto único, como parte de uma reforma tributária mais ampla que simplifique o sistema - que ela chamou de "mãe de todas as reformas".
Soraya também defendeu uma reforma administrativa e novos cortes de gastos. "Nós temos que apertar os cintos de uma vez por todas, e os cintos não foram apertados", afirmou.
Ela disse também que sua inspiração política é a ex-primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher, símbolo do neoliberalismo mundial e responsável por grandes cortes de direitos em seus mandatos.
D'Ávila: "CLT tornou-se outro antro de privilégios"
Em entrevista no dia 30 de agosto, o presidenciável do Novo, Felipe D'Ávila, atacou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que chamou de um "antro de privilégios".
"O que é o mundo da formalidade hoje? É um mundo em que o Estado formal não os atende. Se nós tivéssemos uma legislação trabalhista voltada para o trabalhador, nós teríamos 100 milhões de brasileiros formalizados. Por que nós não temos? Porque a CLT tornou-se outro antro de privilégios, privilégio de 40 milhões. São 70 milhões na informalidade e outros que criaram atalhos, como as MEIs [Micro Empreendedor Individual], para poder conseguir empregos", afirmou.
A reforma do Judiciário também foi tema da entrevista com D'Ávila. Ele defendeu mudanças no STF, com o fim das decisões monocráticas e das transmissões ao vivo de julgamentos da Corte.
"O que você precisa é ter serenidade na corte que é a guardiã da Constituição brasileira. Não é um espetáculo. A democracia precisa respeitar certos rituais", afirmou.
*com informações da CNN Brasil
Edição: Thalita Pires