O presidente do Chile, Gabriel Boric, confirmou sua primeira reforma ministerial trocando chefes de quatro pastas e abrindo mais espaço para a centro-direita no governo. A partir desta terça-feira (6), Carolina Tohá, do Partido pela Democracia (PPD), assume o ministério do Interior. Ana Lya Uriarte, ex-chefe de gabinete da antiga ministra Izkia Siches, assume a Secretaria Geral da Presidência.
No ministério da Saúde, a medica cirurgiã Ximena Aguilera assume no lugar de María Begoña Yarza. Diego Pardow será o novo Ministro de Energia, substituindo Claudio Huepe. Por fim, Silvia Díaz assume o ministério da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Informação, sucedendo Flavio Salazar.
Com isso, o chefe de Estado confirma um giro do gabinete para a centro-direita, dando mais espaço para a coalizão Socialismo Democrático, que reúne os partidos da antiga Concertación.
Izkia Siches, amiga pessoal e ex-coordenadora de campanha de Boric, deixa a pasta do Interior e fica de fora do governo. Já Giorgio Jackson foi tirado da Secretaria Geral da Presidência, mas assume o Ministério de Desenvolvimento Social.
Os anúncios estavam previstos para o meio dia, mas foram oferecidos com hora e meia de atrasado, em transmissão no Palácio La Moneda, sede do governo. Segundo meios locais, Boric teria voltado atrás em duas nomeações pelas polêmicas suscitadas na imprensa e nas redes sociais sobre os nomes de Manuel Monsalve, que deveria assumir o Ministério do Interior, e Nicolás Cataldo, atual subsecretário de Educação que passaria para a pasta da Defesa.
"Tinha que doer e doi, mas era necessário. Esta mudança de gabinete não é só protocolar, nem para uma foto. Aqui mudamos também o comitê político, que é a condução do nosso governo", disse o presidente.
Dessa forma, o Comitê Político do governo será formado por cinco mulheres e um homem: Carolina Tohá (Interior), Jeannette Jara (Trabalho), Antonia Orellana (Mulher), Camila Vallejo (porta-voz), Ana Lya Uriarte (Segpres) e Mario Marcel (Fazenda).
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Estudantes secundaristas convocaram uma manifestação contra as mudanças no gabinete de ministros. Apesar de pacíficos, os atos foram reprimidos pela polícia militar chilena, os carabineros. Até o momento, seis pessoas foram detidas.
Os estudantes também exigem liberdade aos presos políticos da revolta social de outubro de 2019, que deu início ao processo constituinte no país.
🛑 URGENTE - Cientos de estudiantes secundarios marchan hacia el Palacio de La Moneda a minutos del inminente cambio de Gabinete @teleSURtv pic.twitter.com/LCVWpzqx3M
— Paola Dragnic (@PaolaDragnic) September 6, 2022
Quem são os novos ministros?
Carolina Monserrat Tohá Morales é graduada em direito, fundadora do Partido pela Democracia e desde a década de 1990 já ocupou alguns cargos na administração pública: deputada, ministra e prefeita da capital, Santiago.
Tohá assume o mesmo cargo exercido por seu pai, Jorge Tohá, em 1970, no governo de Salvador Allende. Após o golpe militar, Tohá foi preso e torturado pelos militares, vindo a falecer em 1974.
Silvia Díaz é doutora em química pela PUC-Chile e foi assessora da pasta de Ciência e Tecnologia, desde a sua criação em 2018. Agora assume o ministério somando mais uma militante do Partido pela Democracia (PPD) no gabinete.
Ana Lya Uriarte é advogada, membro do Partido Socialista e foi chefe do Conselho Diretivo da Comissão Nacional do Meio Ambiente durante a primeira gestão de Michelle Bachelet (2007-2010). A nova ministra da Saúde, Ximena Aguilera é especialista em saúde pública e fez parte do Conselho Assessor Externo para determinar medidas de contenção à pandemia de covid-19.
O ministro de Energia, Diego Pardow é advogado, membro do partido governante Convergência Social, e foi coordenador da campanha presidencial de Boric. Pardow viveu na Espanha até os dez anos de idade, exilado junto a sua família, durante a ditadura de Pinochet.
* Atualizado em 06/09/22 às 17h
Edição: Thales Schmidt