Violência policial

Familiares e amigos pedem justiça para jovem morto a tiros pela polícia no Parolin em Curitiba

Manifestação fechou as ruas de entrada no bairro, nesta terça (06); polícia reprimiu com balas de borracha

Curitiba (PR) |
Familiares e amigos do jovem morto a tiros pela polícia no Parolin pedem justiça - Vanda Moraes

Na tarde da última sexta-feira (02), Dalysson, jovem de 17 anos foi executado a tiros no bairro Parolin, em Curitiba, após uma operação policial. No dia, a polícia chegou a informar que houve confronto, mas moradores e familiares contestam, dizendo que o jovem não estava armado e sequer reagiu à abordagem. Contam, ainda, após os disparos, o  jovem ficou mais de meia hora sem nenhum tipo de socorro. Revoltados, os moradores e a família realizaram uma manifestação nesta terça-feira (06), fechando as ruas principais de entrada do bairro, pedindo por justiça.

Faixas como “negaram socorro” e “até quando o estado vai nos matar”, além das que homenageavam o adolescente foram levadas às ruas, impedindo a entrada de carros no bairro. Já ao final da manifestação, forte aparato policial reprimiu os manifestantes, entre eles, crianças e idosos, com tiros de balas de borracha.

Um morador que não quis se identificar disse que a vida da juventude e de famílias do Parolin são tratadas com indiferença pelo poder público e polícia. “Aqui eles chegam para procurar quem matar. Não querem saber se as pessoas têm famílias. Ou melhor, eles são indiferentes com quem tem família, com o futuro dos jovens daqui. Vem e matam e vão embora", afirmou.


Familiares e amigos do jovem morto a tiros pela polícia no Parolin pedem justiça / Vanda Moraes

"Não foi Deus que tirou a vida dele, foi um covarde"

Muito emocionada, Elaine Ferreira, tia de Dalysson, disse que a família, apesar de bastante fragilizada, vai lutar por justiça. “O Dalysson era uma criança. Quero justiça porque não foi Deus que tirou a vida dele, foi um covarde que tirou a vida dele. Levassem ele, deixassem preso, a gente ia poder ver ele, mas não precisava matar. É isso que está acontecendo aqui no Parolin, eles vem matam e deixam a gente com essa dor”, disse.

Ela relatou que estava com o sobrinho minutos antes da abordagem policial. "Ele estava na minha casa e de lá saiu para casa da mãe, que mora no fundos. Encostou a porta e saiu. Quando deitei na cama, eu já escutei ele gritando, dizendo que ele 'tinha perdido' mas que não precisava atirar. A minha filha abriu a janela e viu eles dando o tiro nele. A minha filha ainda gritou e eles mandaram ela entrar porque se não iam dar um tiro na cabeça dela também, chamando ela de vagabunda”, relatou.

Presente no ato, a advogada da família, Camila Pichait, informou que já existe um inquérito policial instaurado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e que família e testemunhas já foram ouvidos. “Eles já foram ouvidos e não tem ainda alegação da polícia sobre o tiro, a não ser que foi confronto. Mas destacamos que o Dalysson não portava armas nem drogas e não reagiu. Testemunhas contam que viram ele levantando as mãos e dizendo que não precisava atirar. Ele  estava indo para a sua casa”, disse.

Até o momento, a Polícia Militar do Paraná não retornou à reportagem com esclarecimentos sobre a operação.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini