O porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanaani, disse que o governo está preparado para trocar presos com os Estados Unidos, mas deixou claro que essa negociação acontece de maneira independe às conversas para reativar o acordo nuclear de 2015, o Plano de Ação Integral Conjunta (JCPOA, na siglas em inglês).
Numa coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17), o oficial disse que cidadãos iranianos foram vítimas do sistema jurídico dos Estados Unidos e foram acusados falsamente de violar as medidas coercitivas unilaterais impostas pela Casa Branca contra o Irã.
Kanaani convocou os Estados Unidos a eliminar obstáculos para conseguir um acordo que permita a troca de prisioneiros, no lugar de montar "espetáculos de propaganda contra a República Islâmica do Irã". Cerca de 30 iranianos estão presos no exterior, metade nos EUA, por denúncias relacionadas às sanções econômicas estadunidenses, segundo o Conselho Judicial de Direitos Humanos do Irã.
Entre os presos, há sete cidadãos iranianos-estadunidenses, dois iranianos com residência permanente concedida por Washington e quatro iranianos em situação irregular nos EUA.
Por outro lado, há 12 cidadãos estadunidenses-iranianos presos no país persa. Não houve resposta oficial de Washington sobre as novas declarações da chancelaria iraniana.
:: O que esperar sobre as relações entre EUA e Irã com a gestão de Joe Biden? ::
As negociações de possível intercâmbio de cidadãos detidos em ambos países acontecem há anos, mas se intensificaram nos últimos dois anos, de maneira paralela às negociações da retomada do acordo nuclear.
O Irã sofre embargos da Casa Branca desde 1979, iniciados com a Revolução Iraniana. Mais recentemente, em 2018, a Casa Branca rompeu com o acordo nuclear assinado entre França, Inglaterra, Alemanha, Rússia, China e Irã em 2015 e aplicou novas medidas coercitivas unilaterais. Somente em 2019, o PIB iraniano retraiu 6,8%.
O JCPOA, mais conhecido como acordo nuclear iraniano, estabeleceu mecanismos de controle do programa nuclear de Teerã em troca da suspensão das sanções aplicadas contra a economia do país asiático.
A energia nuclear, assim como o desenvolvimento de mísseis de precisão de curto e médio alcance, fazem parte do programa nacional de defesa do país. O acordo nuclear de 2015, que teria vigência até 2025, determinava 3,67% como limite máximo de enriquecimento de urânio - elemento químico base para produção de armas nucleares.
Durante a campanha eleitoral, Joe Biden prometeu retomar as negociações nos primeiros 100 dias de gestão, o que não aconteceu.
* Com informação de Telesur e Hispantv
Edição: Thales Schmidt