Rússia e Ocidente

Putin expõe diretrizes da geopolítica russa: críticas ao Ocidente e multipolaridade

Presidente russo defende ação militar na Ucrânia e afirma que os EUA buscam manter hegemonia global

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Vladimir Putin realizou movimento de altíssimo risco na madrugada de 24 de fevereiro, ao comandar um ataque militar unilateral à Ucrânia - Yuri Kochetkov/AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou da 10ª Conferência de Segurança Internacional de Moscou nesta nesta terça-feira (16). Em seu pronunciamento, o líder russo afirmou que o Ocidente está tentando forçar Estados independentes a se submeterem à sua vontade, a viver de acordo com as suas regras, a fim de manter o domínio e "parasitar" sobre eles.

Putin aproveitou a ocasião para reafirmar a posição da Rússia de promover uma ordem multipolar no mundo, criticando os EUA em suas tentativas de assegurar a hegemonia global. 

"A situação no mundo está mudando dinamicamente, os contornos de uma ordem mundial multipolar estão se formando, cada vez mais países e povos estão escolhendo o caminho do desenvolvimento livre e soberano com base em sua identidade, tradições e valores", disse ele. 

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De acordo com o presidente russo, "os Estados Unidos e seus vassalos interferem grosseiramente nos assuntos internos dos Estados soberanos: organizam provocações, golpes de estado, guerras civis. Por ameaças, chantagens e pressões".

"Tudo isso é feito com um objetivo - manter seu domínio, o modelo que permite parasitar o mundo inteiro, como era séculos antes, e tal modelo só pode ser mantido à força", destacou. 

Críticas à Otan

Ao comentar a ameaça ao sistema de segurança internacional, Putin afirmou que o "chamado Ocidente coletivo está destruindo propositalmente o sistema de segurança europeu, forjando sempre novas alianças militares". 

"O bloco da Otan (Aliança do Tratado do Atlântico Norte) está se movendo para o leste, construindo sua infraestrutura militar, incluindo a implantação de sistemas de defesa antimísseis e aumentando as capacidades de ataque das forças ofensivas. Em palavras isso é hipocritamente declarado como uma necessidade para fortalecer a segurança na Europa, mas na realidade apenas está acontecendo o contrário".

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O presidente russo também lembrou das exigências de segurança que Moscou fez ao Ocidente em relação à expansão da Otan em dezembro. A recusa das exigências russas serviu como parte das justificativas de Putin para iniciar a guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro. 

"Ao mesmo tempo, as propostas sobre medidas de segurança mútua apresentadas pela Rússia em dezembro do ano passado foram simplesmente ignoradas mais uma vez", completou. 

Ao comentar o curso das ações militares russas na Ucrânia, Vladimir Putin declarou que os países da Aliança usam a situação da Ucrânia como "bucha de canhão" para implementar um "projeto anti-Rússia".

“Os objetivos desta operação são definidos de forma clara e precisa: garantir a segurança da Rússia e de nossos cidadãos, proteger os habitantes de Donbas do genocídio”, afirmou. 

De acordo com ele, "os Estados Unidos estão tentando prolongar esse conflito" e, da mesma maneira, estão "incitando o potencial de conflito na Ásia, África e América Latina".

*colaborou Serguei Monin

Edição: Arturo Hartmann