O primeiro debate entre os principais candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro, realizado neste domingo (7) pela Band, deu os primeiros sinais de uma disputa que deve replicar a polarização esperada para a eleição presidencial. Entretanto, enquanto Marcelo Freixo (PSB) destacou a parceria com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o atual governador, Cláudio Castro (PL), sequer mencionou o nome de Jair Bolsonaro (PL).
Além de Freixo e Castro, o debate contou com Rodrigo Neves, candidato do PDT, e Paulo Ganime, postulante ao cargo pelo partido Novo. O encontro foi mediado pela jornalista Thaís Dias. A emissora convidou os representantes das chapas que contam com pelo menos cinco cadeiras no Congresso Nacional. Os demais candidatos, entre eles o ex-governador Wilson Witzel, foram chamados para entrevistas exclusivas que serão realizadas nas próximas semanas.
Freixo e Lula
Superado (ao menos de momento) o impasse sobre a formalização do apoio petista a Freixo, o candidato do PSB citou a dobradinha com Lula em diversos momentos do debate deste domingo, desde as considerações iniciais às finais. Destacou também a parceria com Cesar Maia, ex-prefeito da cidade do Rio e candidato a vice-governador na chapa. Castro, por sua vez, pareceu tentar se descolar da imagem de Bolsonaro, e disse que seu governo é calcado no "diálogo".
"Você diz que seu governo é de diálogo. Quero saber se o senhor conversa com fantasmas. O dinheiro que foi gasto nesse crime dos fantasmas do Ceperj, R$ 226 mi, pagaria 8.500 professores em um ano", perguntou Freixo, em referência às denúncias e investigações envolvendo a fundação responsável pela contratação de servidores no estado.
"Não existe fantasma algum, a pessoa tem que ir ao banco receber. Todas as pessoas tiveram que dar nome e CPF para receber no banco", respondeu Castro.
Candidatos que reúnem as maiores intenções de votos, Castro e Freixo travaram discussões diretas em vários momentos do debate. O pessebista fez duras críticas à política de segurança do atual mandatário. Sob o atual governo, o estado do Rio de Janeiro registrou três das quatro chacinas mais letais da história.
"Um lugar seguro é um lugar onde direitos são garantidos. Quero disputar a vida de cada menino e cada menina das favelas e das periferias. O sucesso da minha política de segurança será medido nas vidas que vamos salvar, e não nas mortes que vamos provocar", afirmou Freixo.
Terceira via?
Rodrigo Neves também se disse a favor de mudanças profundas no enfrentamento ao crime no estado, criticando a postura do governo de Castro. "É preciso que a polícia seja proativa e não reativa. Não dá pro estado ficar ausente quatro anos das favelas do Rio de Janeiro e entrar fazendo o que tem feito, como o que fez no Jacarezinho, na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão", destacou.
Neves, aliás, adotou postura semelhante à que o candidato à presidência por seu partido, Ciro Gomes, vem demonstrando em suas atividades de pré-campanha e nas redes sociais: partiu para o ataque contra Castro e Freixo, buscando se estabelecer como uma possível "terceira via". A exemplo de Castro, porém, não citou o candidato do partido ao Planalto.
Terceiro colocado nas pesquisas, Neves, ex-prefeito de Niterói tentou ainda chamar atenção para feitos dele e de seus aliados na cidade vizinha à capital fluminense, destacando que conseguiu eleger o sucessor, Axel Grael, com ampla margem de votos.
Debate morno
Apesar dos embates, o primeiro encontro entre os candidatos ao governo do Rio, antes mesmo do início da campanha, pode ser considerado "morno". Não houve, por exemplo, concessão de direito de resposta – previsto apenas para casos de ofensas pessoais.
Em um símbolo dos novos tempos, Castro e Ganime chamaram os eleitores a ver postagens que estavam sendo feitas no momento pelas equipes de redes sociais à medida que falavam no púlpito.
"Eu amanhã de manhã volto para o trabalho de cuidar da sua vida. Você tá vendo segurança pública, você tá vendo polícia na rua", disse Castro em suas considerações finais.
"Fui professor por vinte anos e tenho orgulho do que conquistei com meu trabalho. Nosso governo será o governo da educação, da transformação, e a vida vai valer a pena", resumiu Freixo enquanto se despedia.
"O Rio de Janeiro está cansado dessas pessoas que estão há anos no governo e nada fizeram. Trabalhar com mais do mesmo não dá mais. São cinco ex-governadores presos, um que sofreu impeachment", destacou Ganime.
"A necessidade de mudança é urgente, mas é preciso saber governar e sobretudo ter compromisso com o povo. Eu tenho certeza de que o povo do estado do Rio não optará por alguém que nunca administrou nada na vida", complementou Neves, o último a se despedir, em ordem definida por sorteio.
Edição: Glauco Faria