Tanto na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) quanto no Congresso Federal existe uma sub-representação quando se fala da classe trabalhadora. A pauta foi trazida ao debate do programa BdF Eleições 2022, que contou com a participação da pré-candidata a deputada estadual pelo PT, Professora Josete, e o pré-candidato a deputado federal também pelo PT, Adriano Esturilho.
Josete vem da área da educação e Adriano da área cultural. Ambos mencionaram a importância de incentivar que trabalhadores desses segmentos, por exemplo, participem da política e acreditem na representação em espaços de poder.
Para Josete, que atualmente é vereadora em Curitiba e está em seu quinto mandato, a situação da falta de representatividade começa nas mulheres. “Se formos pensar que a maioria das professoras da rede municipal é mulher, é possível refletir sobre representatividade por aí. Das 54 cadeiras na Assembleia Legislativa, apenas cinco mulheres. Situação semelhante ao que sempre vivi na Câmara Municipal. Nós precisamos colocar mais mulheres que debatam a pauta feminista, a pauta das trabalhadoras mulheres e avançar em programas e políticas públicas para reduzir desigualdades entre homens e mulheres e especialmente entre mulheres negras”, disse.
Já Adriano Esturilho, que é produtor cultural, militante da cultura e atualmente presidente licenciado do Sated, sindicato que representa os artistas no Paraná, os trabalhadores da cultura precisam acreditar que é possível estar nestes espaços. “Ao longo destes dez anos que tenho de militância sempre fizemos e fomos em busca de vereadores e deputados que acolhessem nossas pautas, que sejam aliados das nossas pautas. Mas a gente ainda não teve um deputado federal artista e que, de fato, pense nas pautas da cultura do Paraná. A gente não pode mais ter a bancada da bala, do agronegócio, mas ter a bancada da arte lá no Congresso Federal”, defende Esturilho.
Falta trabalhadores nos parlamentos
Questionados sobre o porquê ainda há poucos trabalhadores nos parlamentos, ambos citaram os ataques a direitos trabalhistas e a disputa com o poder econômico como alguns dos obstáculos.
“Temos uma grande luta que é, por exemplo, combater o poder econômico nas disputas eleitorais. Então, temos um aumento de candidaturas que vem dos segmentos da classe trabalhadora, mas a disputa é desigual. Tivemos um avanço que é o financiamento público aproximando uma quase igualdade de condições nessas disputas”, diz Josete. Ela também cita que a política precisa ser ressignificada. “Infelizmente, já vivemos há algum tempo vários movimentos da criminalização da política. Então, as pessoas se afastaram da política. Portanto, é preciso que a gente ressignifique o objetivo da política”, defende.
Adriano cita Lula como um exemplo de resistência na política como representante da classe trabalhadora. “O Lula, que está ai por tanto tempo na política, veio da classe trabalhadora e sindical e quebrou essa lógica de uma maneira histórica. Ele foi tão perseguido por não aceitarem que os trabalhadores ocupem lugares de decisão e poder. Mas um dos principais motivos que dificultam a participação política dos trabalhadores são também os sucessivos ataques aos direitos sociais e trabalhistas. Se já era difícil antes, com o golpe de 2016 houve um desmonte de políticas e leis trabalhistas e ataques às organizações sindicais”, avalia comenta.
O BdF Eleições 2022 vai ao ar todas as terças, às 11h30. Assista ao programa na íntegra.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini