O partido Unidade Popular (UP) confirmou o nome de Leonardo Péricles como seu primeiro candidato à Presidência da República. Samara Martins, do mesmo partido, foi escolhida para vice, formando a única chapa inteiramente negra a disputar a eleição presidencial em 2022. A convenção foi realizada neste domingo (24), em Natal.
Em suas redes sociais, Péricles celebrou o lançamento da chapa onde "o presidente e a vice-presidenta são negros, trabalhadores favelados. Juntos, estaremos na luta antirracista, antifascista e anticapitalista", completou.
Hoje foi um dia histórico para a @UP80BR. Lançamos uma chapa à presidência da República, onde o presidente e a vice-presidenta são negros, trabalhadores trabalhadores favelados. Juntos, estaremos na luta antirracista, antifascista e anticapitalista. @samaramartinsup pic.twitter.com/2SqC4nTrlW
— Leo Péricles (@LeoPericlesUP) July 24, 2022
“São as mulheres, pretos no poder. Os ventos negros rondam a América Latina!”, concordou Samara, também nas redes sociais.
Possuo muito orgulho na @UP80BR ter dado essa grande tarefa de construir uma candidatura nacional à Presidência da República
— Samara Martins (@samaramartinsup) July 25, 2022
São as mulheres, pretos no poder. Os ventos negros rondam a América Latina! https://t.co/tuOBImA6bJ
Vera Lúcia (PSTU) é a outra pré-candidatura negra para a Presidência da República até aqui. Ela terá como vice a indígena maranhense Kunã Yporã, conhecida como Raquel Tremembé.
Na convenção, Péricles defendeu a suspensão do pagamento da dívida pública, a taxação de grandes fortunas e a revogação das reformas trabalhista e da previdência. Ele destacou também a importância de se ocupar as ruas durante o processo eleitoral. "A política central vai ser feita pelo povo. Como defensores das liberdades democráticas, convocamos o povo a dar início a uma nova jornada de atividades na rua", afirmou.
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"Maior racista do Brasil"
No último dia 17, a Unidade Popular denunciou ataques racistas sofridos por Péricles nas redes sociais. Xingamentos como "macaco" e "chimpanzé" estão entre as postagens denunciadas pela UP.
"Babuíno! Vota em Bolsonaro para o Brasil continuar racista!! Bolsonaro é o maior racista do Brasil! Viva o racismo!", diz uma postagem, que termina com uma saudação nazista.
"Sou português ariano puro e sinto nojo de pretos porque tua raça tem em média 55-80 de QI e também possuem uma altíssima propensão para violência. A raça preta deveria ser expulsa das cidades e empurrada de volta para a selva, um lugar que nunca deveriam ter saído", disse em outra postagem um perfil identificado como "Bruno Silva".
⚫ DENÚNCIA: LÉO PÉRICLES SOFRE ATAQUES RACISTAS
— Leo Péricles (@LeoPericlesUP) July 17, 2022
O que era esporádico, agora tem sido de forma intensa e ostensiva. As redes sociais do pré-candidato à presidência da República e presidente da @up80, Léo Péricles, receberam diversas mensagens de cunho racista. #FogonosRacistas pic.twitter.com/CCDin9q9WB
“Minha presença incomoda os racistas e os fascistas que querem manter seus privilégios. Esses ataques serão tratados como devem pelo jurídico do nosso partido e sendo mola propulsora para lutarmos", afirmou Péricles na ocasião.
Estreia presidencial
Péricles é presidente nacional da Unidade Popular, partido que teve seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no final de 2019. Será a primeira eleição presidencial disputada pela sigla, que já apresentou candidatos nas eleições municipais de 2020. A UP foi a legenda com o maior número proporcional de candidatos negros naquela eleição (70%), segundo o TSE.
Na ocasião, Péricles foi vice de Áurea Carolina (PSOL) na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte. A chapa terminou em quarto lugar, com 103.115 votos.
Natural de Belo Horizonte, Péricles é técnico em mecatrônica e tem sua trajetória política ligada ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Samara também é nascida na capital mineira, mas reside em Natal, onde é dentista do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela é vice-presidente nacional da Unidade Popular pelo Socialismo e militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e do Movimento de Mulheres Olga Benario.
Com informações da Agência Brasil
Edição: Rodrigo Durão Coelho