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Foto motivou assassinato de Bruno e Dom, diz MPF

Órgão denunciou três pessoas por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver

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"Bruno foi morto com três tiros, sendo um deles pelas costas, sem qualquer possibilidade de defesa", diz o MPF - Kenzo Tribouillard/ AFP

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta quinta-feira (21) três suspeitos pelo assassinato do indigenista e servidor da Funai Bruno Pereira, 41, e do jornalista britânico Dom Phillips, 57.

Réus confessos, Amarildo Oliveira (conhecido como "Pelado") e Jefferson da Silva Lima (o "Pelado da Dinha") responderão pelos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver junto a Oseney de Oliveira (o "Dos Santos"), cujo envolvimento foi apontado por testemunhas.

Um quarto suspeito, conhecido como "Colômbia", detido pela Polícia Federal desde 8 de julho e apontado como mandante do crime, não foi incluído na denúncia.

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Segundo o órgão, o assassinato teria acontecido porque Bruno pediu a Dom que fotografasse o barco dos acusados. O MPF considera o motivo "fútil" e aponta que isso pode agravar a pena. O jornalista fazia pesquisas para um livro sobre a Amazônia.

Bruno e Dom foram mortos a tiros na manhã do dia 5 de junho, ao voltarem de uma expedição pelo Vale do Javari, no Amazonas, e tiveram seus corpos queimados e enterrados. Seus cadáveres só foram encontrados dez dias depois.

A região onde o crime ocorreu faz fronteira com a Colômbia e o Peru, tem a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo e é alvo da cobiça de criminosos.

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Segundo a Procuradoria, Bruno e Amarildo haviam se desentendido em outras ocasiões por causa da pesca ilegal em território indígena, que o servidor da Funai trabalhava para coibir

"Bruno foi morto com três tiros, sendo um deles pelas costas, sem qualquer possibilidade de defesa [...] Já Dom foi assassinado apenas por estar com Bruno", afirma o Ministério Público em nota.

O processo corre em Tabatinga (AM). A Justiça Federal retirou o sigilo dos autos.