PAPA BOLIVARIANO?

Papa Francisco defende unidade da América Latina: relembre outras 5 declarações políticas

Líder da Igreja Católica diz que região é "vítima de imperialismo explorador" e ressalta "profecia" de Bolívar

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"A hegemonia nunca é saudável", disse Papa Francisco durante entrevista na última sexta-feira (1º) - Alberto Pizzoli / AFP

O Papa Francisco voltou a abordar a situação política da América Latina, defendendo a unidade da região durante uma entrevista com a agência argentina de notícias Télam. O máximo pontífice da Igreja Católica disse que o povo latino-americano é "vítima de imperialismo explorador" e destacou que na região a Igreja Católica é popular, "é realmente uma igreja do povo de Deus".

"O sonho de San Martin e Bolívar é uma profecia. É esse encontro de todo povo latino-americano, além da ideologia, um encontro com soberania de todos os povos. Devemos trabalhar pela unidade latino-americana neste sentido", disse em entrevista, no dia 1º de julho, à Télam

Há cinco anos o Papa também promove o Encontro Mundial de Movimentos Populares para buscar um mundo com mais justiça social. No seu discurso de abertura do encontro do ano passado, realizado em Roma, o Papa fez um apelo aos "poderosos da Terra" para trabalhar por um mundo mais justo, cancelando o "sistema de morte".

Em nove anos de papado, esta não é a primeira vez que o primeiro chefe da Igreja Católica de origem latino-americana se posiciona politicamente. Desde 2013, em diversas ocasiões Francisco chegou a ser mediador de conflitos. "A política é um compromisso de humanidade e santidade e, portanto, um caminho exigente de serviço e responsabilidade aos fiéis", afirmou em 2018.

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Venezuela 

Em 2021, quando aprovou a beatificação do médico venezuelano José Gregório Hernández, proferiu um discurso de defesa da unidade nacional dos venezuelanos em torno do respeito mútuo e "colocando o bem comum acima de qualquer outro interesse". 

Francisco ainda condenou a ingerência internacional. "Peço ao Senhor que nenhuma intervenção externa impeça vocês de percorrer esse caminho de unidade nacional", disse


Ao visitar a Colômbia, em 2015, Papa Francisco defendeu negociações de paz entre governo de Juan Manuel Santos e a extinta FARC-EP / Luis Acosta /AFP

Paz na Colômbia

Em 2015, Francisco se ofereceu pessoalmente e colocou a Igreja Católica à disposição do então presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para mediar as negociações de paz com a extinta guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP).

"O que eu puder fazer pessoalmente ou o que a Igreja puder fazer, conte conosco. Damos apoio e se precisar que tenhamos participação estamos dispostos a fazê-lo", disse em um encontro com Santos no Vaticano.

Guerra na Ucrânia 

O chefe do Vaticano também se dispôs a mediar negociações para por fim à guerra na Ucrânia e reiterou sua disposição em visitar Moscou e Kiev nos próximos meses. 

"Trocamos mensagens sobre isso. Já que pensei se o presidente russo me concederia uma pequena janela para servir a causa da paz. E agora é possível, depois que eu voltar do Canadá, que eu consiga ir à Ucrânia. A primeira coisa a fazer é ir à Rússia para tentar ajudar de alguma forma, mas eu gostaria de ir às duas capitais", disse em junho.

Agora em julho, na entrevista à Télam, o Papa ainda comentou sobre as cobranças de que criticasse o presidente russo, Vladimir Putin. "Não há bons e maus, estão todos envolvidos", disse.


Em reunião com a presidenta da Comissão Europeia, Úrsula Von der Leyen, o chefe do Vaticano defendeu negociações de paz entre Rússia e Ucrânia / Vatican News / AFP

Palestina

Em maio de 2015, o Vaticano passou a reconhecer a existência do Estado da Palestina e defendeu uma relação de paz e respeito com Israel. Na época, o Papa recebeu o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e canonizou duas palestinas: Santa Maria de Jesus Crucificado e Santa Maria Alfonsina tornaram-se as primeiras freiras de origem palestina da época moderna da Igreja. 

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Casamento homoafetivo 

Em 2016, Francisco disse que a Igreja Católica deveria desculpar-se com a comunidade LGBTQIA+. "Eu acredito que a Igreja não deve apenas se desculpar, não deve apenas pedir desculpas a essa pessoa que é homossexual e que foi ofendida, mas deve pedir perdão aos pobres, às mulheres exploradas, às crianças exploradas", disse.

Quatro anos mais tarde também manifestou-se favorável à união civil homoafetiva. "As pessoas homossexuais têm direito de estar em uma família. Elas são filhas de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deverá ser descartado ou ser infeliz por isso", disse em 2020, durante as gravações do documentário "Francesco", gravado em sua homenagem.

Edição: Arturo Hartmann e Thales Schmidt