O presidente da Câmara dos Deputados da Bolívia, Freddy Mamani, afirmou na última segunda-feira (27/06) que a proposta do mandatário brasileiro Jair Bolsonaro, em oferecer asilo político à ex-autoproclamada presidente Jeanine Áñez, “confirma a participação brasileira em golpe de Estado ocorrido no país em 2019”.
Para ele, Bolsonaro não se interessa "pelos massacres, pela democracia ou pela justiça" e ofereceu “abrigo” à Áñez por “remorso mental”.
"O que Bolsonaro quer, ao oferecer asilo político a Jeanine Áñez, é salvar uma das protagonistas do golpe de Estado de 2019. Exigimos respeito pela sentença da Justiça boliviana", disse Mamani.
Em vídeo veiculado nas redes sociais da Câmara dos Deputados boliviana, Mamani também disse que o pensamento de Bolsonaro, ao considerar “injusta” a pena de 10 anos de prisão à Áñez “não é compartilhada por todos os brasileiros”.
A direitista foi condenada por se autoproclamar como presidente interina da Bolívia após Evo Morales ser obrigado a renunciar, em 2019. O caso é chamado de "Golpe de Estado II", já que Áñez também é réu em outro processo.
🎥#VIDEO | Presidente de Diputados, @ProfeFreddyM, sostiene que oferta de asilo político para @JeanineAnez confirma complicidad de #Brasil en el golpe de Estado del 2019. pic.twitter.com/1cUGyrebdx
— Cámara de Diputados de Bolivia (@Diputados_Bol) June 27, 2022
Segundo o jornal argentino Pagina12, Bolsonaro afirmou que a ex-senadora é "uma mulher presa injustamente".
Em entrevista ao canal de extrema direita "Programa 4 x 4", o mandatário brasileiro disse que fará "o que for possível" para trazer Áñez ao Brasil, "caso assim o governo da Bolívia concorde". "Estamos prontos para receber o asilo dela", disse, afirmando que ela é alvo de uma "injustiça".
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogélio Mayta, afirmou que a impunidade é "inadmissível", e que o país ratifica o compromisso com o respeito dos direitos humanos que foram transgredidos durante o golpe de Estado na Bolívia.
"Em hipótese alguma pode ser aceita interferência nas decisões que correspondem soberanamente à Justiça boliviana", completou o presidente da Câmara.
Áñez foi presa de forma preventiva em março de 2021, e sua sentença a cumprir 10 anos de prisão por se autoproclamar presidente, violando a Constituição e resoluções do Legislativo boliviano, foi dada no último 10 de junho.
Julgada como ex-senadora, e não como ex-presidente, uma vez que sua gestão foi baseada em um golpe de Estado, Áñez, além das violações de direitos humanos, também é acusada por denúncias de corrupção e compras superfaturadas.
(*) Com Ansa, Sputniknews e Telesur