Orgulho LGBTQIA+

Artistas do Ceará participam de mostra Queer na Espanha; assista ao vídeo

As obras partem da diversidade de olhares para dar visibilidade às dores vivenciadas pela população LGBTQIA+

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Cyborgue
Obra "Cyborgue", do artista Caeu Henrique - Foto: Eduardo Bruno Fernandes

Pensar a arte para além da heterossexualidade e dos corpos cis. Essa é uma das propostas da exposição Museari Queer Art. Iniciativa online internacional sem fins lucrativos, que desde 2015 promove a educação artística e histórica como instrumentos para a defesa dos Direitos Humanos, sobretudo ligados à diversidade sexual.

Em cartaz no museu de Bellas Artes de Xátiva, na Espanha, a mostra integra a edição 2022 do panorama artístico presencial. A novidade deste ano é a presença de 7 obras de artistas cearenses, que expõem seus trabalhos, ultrapassando as barreiras geográficas e ampliando suas vozes.

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Assista ao vídeo:

 

Caeu Henrique, um dos artistas visuais selecionados para a mostra, fala da emoção de ver o seu trabalho alçar novos voos: “quando eu vejo os meus trabalhos ganhando o mundo é sempre um momento muito bonito de pensar as possibilidades de para quem ele vai chegar, as pessoas que ele vai de fato afetar. Eu entendendo a arte Queer em todas essas possibilidades, isso fica ainda mais interessante do ponto de vista de quem está entregando o trabalho, colocando ele ali para ser pensado por quem está passando, por quem está vendo”.  

Fotografia, videoarte e objetos híbridos em tecido compõem as linguagens selecionadas para a mostra. Aires, outra artista na mostra, expõe em tecidos costurados fotos de sua infância que a ajudam a entender sua sexualidade e identidade de gênero: “eu estou participando com o trabalho sutura sobre fotos de criança transviada. Foi um trabalho que eu iniciei fazendo a experimentação em fotos minhas de infância, rasgando elas e costurando à mão. Essa obra faz parte do meu projeto de pesquisa enquanto artista, eu venho investigando principalmente na parte da performance-arte questões relacionadas à transição de gênero - ou como gostaria de dizer traição de gênero”.


Foto da exposição Museari Queer Art, na Espanha / Foto: Eduardo Bruno Fernandes

Artistas e obras

João Paulo Lima: artista-performer-educador e escritor que apresenta um vídeo-performance sobre o corpo e seus desejos. As cenas abordam cenas empoderadas do corpo de uma pessoa com deficiência.

Filipe Alves: artista visual que apresenta um estandarte em tecido sobre o “Santo das Graças Não Atendidas (criado pelo artista)” e orações que são distribuídas aos moradores de uma rua da cidade de Nova Olinda, no Ceará.

Rhamon Matarazzo: artista e historiador soropositivo apresenta o vídeo-performance “Paz no Futuro e Glória no Passado” em que canta o hino do Brasil entre gargalhadas para criticar a atual situação política e de saúde pública do país.

Caeu Henrique: fotógrafo, desenhista, colagista e artista visual que reside no Cariri. Expõe “Cyborgue”, um trabalho de fotografias que aborda a relação entre os processos de construção de gênero e a relação entre fármacos, acessórios, próteses e maquinários.

Aires: travesti, possui licenciatura em Teatro pela Universidade Federal do Ceará. Expõe em tecidos costurados, fotos de sua infância que a ajudam a entender sua sexualidade e identidade de gênero. "Suturar fotos na tentativa imaginativa de costurar as feridas de uma infância”, define a artista sobre seu trabalho.

Terroristas Del Amor: coletivo formado em 2018 pelas artistas Dhiovana Barroso e Marissa Noana. Na mostra queer apresentam o trabalho “Terraaterra”, uma bandeira construída a partir de memórias e simbologias. A intenção é criar a representação de um futuro seguro para as mulheres.

Marília Oliveira: doutora em artes visuais e mestre em comunicação, a cearense apresenta o trabalho “Remissão”, retratos de 153 situações de assédio que a artista passou no período de seis meses. Para representar cada uma dessas violências, a artista fotografou pedras sob seu corpo. Dois desses retratos estarão na exposição.

Onde conferir

Além de ultrapassar fronteiras, os trabalhos abrem espaço ao diálogo. Numa realidade onde o contexto de violência extermina vozes dissonantes, pensar na perspectiva da diversidade de olhares se torna ainda mais necessário para a visibilidade e luta. A exposição fica em cartaz até o dia 25 de julho, depois pessoas do mundo todo poderão ter acesso através do site www.museari.com  

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Fonte: BdF Ceará

Edição: Camila Garcia