DEFESA DA AMAZÔNIA

Análise | Mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips repercutem no mundo

A tragédia teve novamente ampla cobertura, como reportagens e artigos analíticos, em inúmeros veículos

São Paulo (SP) |
Comoção após o desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips impulsionou debate sobre problemas em órgãos de proteção - Kenzo Tribouillard/ AFP

Confirmados os bárbaros assassinatos do ambientalista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, o Brasil volta a ser destaque negativo na mídia internacional.

Jair Bolsonaro, que já era tratado como um pária planetário, agora é visto como o responsável indireto pelas mortes na Amazônia. A imprensa mundial não vacila em responsabilizar o governo brasileiro pelo aumento da violência na região – ao contrário de parte da mídia nativa, sempre tão dócil com o governo neofascista.

Na sexta-feira (17), a tragédia teve novamente ampla cobertura, como reportagens e artigos analíticos, em inúmeros veículos – como o Financial Times, New York Times, El País e Clarín –, além das agências de notícias, como a Reuters. O prestigiado diário inglês The Guardian homenageou o seu colaborador, com foto de primeira página para Dom Phillips e um editorial incisivo cobrando do governo brasileiro uma explicação para a comunidade internacional sobre as mortes.

Editorial do The Guardian

“No entanto, o presidente Jair Bolsonaro, ao dizer que algo ‘perverso’ aconteceu, também culpou insensivelmente os dois ativistas. Em contraste, os brasileiros demonstraram imensa simpatia por eles e suas famílias, entendendo que seu trabalho beneficiava os indígenas, os brasileiros como um todo e o mundo em geral. Simplesmente não era do interesse de um Estado capturado por interesses extrativistas e que despreza o Estado de Direito, criando uma cultura de impunidade para aqueles que exploram a floresta amazônica e tornando seus protetores muito mais vulneráveis”.

Já o jornal estadunidense New York Times alertou que “os desaparecimentos são um capítulo particularmente preocupante na recente história sangrenta da Amazônia. O Sr. Phillips dedicou grande parte de sua carreira a contar histórias do conflito que devastou a floresta tropical, enquanto o Sr. Pereira passou anos tentando proteger as tribos indígenas e o meio ambiente em meio a esse conflito... Agora parece que o trabalho se tornou mortal para eles, sinalizando até onde as pessoas irão explorar ilegalmente a floresta tropical”.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Pedro Carrano