O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Gebreyesus, ofereceu uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (14) com um balanço sobre a emergência sanitária global de covid-19. Informou que houve uma queda de 90% das mortes pela doença em comparação com o momento mais crítico da pandemia em 2022.
"Ainda assim, mais de 3 milhões de casos foram reportados na última semana e nós sabemos que esse número é subnotificado, já que muitos países reduziram a pesquisa e realização de testes. Além disso, 8.737 mortes foram registradas - isso é demais", alertou Tedros.
E agregou: "não há morte aceitável quando temos as ferramentas para prevenir, detectar e tratar essa doença".
Em dois anos de pandemia, a covid-19 já contaminou 532 milhões de pessoas e causou 6,3 milhões de mortes, segundo a OMS. Após a catalogação de ao menos cinco variantes do vírus sars-cov2, o mundo enfrenta uma quinta onda de contágios.
Os EUA continuam sendo o país mais afetado com 84,2 milhões de casos e mais de 1 milhão de falecidos pela enfermidade. Em seguida está a Índia com 43,2 milhões de contágios e 524 mil mortos, em terceiro lugar vem o Brasil com 31,3 milhões de casos e 667 mil falecidos.
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Até o dia 7 de junho, 11,9 bilhões de doses de vacinas haviam sido administradas em todo o globo e cerca de 66% da população global recebeu ao menos uma dose de imunizante. No entanto, somente 17,8% residem em países pobres.
Enquanto Portugal e Arábia Saudita já vacinaram mais de 96% da população, a Nigéria e o Congo acabaram de atingir 15% e 12% de imunizados, respectivamente.
O diretor-geral da OMS voltou a criticar a falta de disposição das grandes farmacêuticas em contribuir com a superação da emergência global.
"Agora já faz mais de dois anos que lançamos a ferramenta de acesso a tecnologias sobre a covid-19 (C-TAP, na sigla em inglês) para promover voluntariamente mecanismos de compartilhamento de propriedade intelectual, conhecimento e dados. No entanto, recebemos poucas licenças e apenas de institutos de pesquisa governamentais. As fábricas não contribuíram com sequer uma licença", denunciou Tedros Adhanom.
O doutor em saúde comunitária também ressaltou a importância de conhecer a origem do vírus para poder prevenir novas pandemias.
Varíola dos macacos
O diretor-geral da OMS também convocou uma reunião emergencial com agências internacionais de regulação em saúde na próxima semana para discutir as características do novo surto de varíola de macaco e definir se o surto "representa uma emergência sanitária de preocupação internacional".
De acordo com o organismo, existem 1.600 casos confirmados da doença em 39 países no mundo, e outros 1.500 casos suspeitos. Desde o início do ano, 72 pessoas faleceram pela doença viral.
As nações mais afetadas são Portugal, Espanha e Reino Unido, na Europa, mas há outras regiões do continente com registros. Canadá, Austrália e Estados Unidos também confirmaram infecções.
No dia 30 de maio foi identificado o primeiro caso no Brasil, na capital cearense, Fortaleza.
A varíola dos macacos é uma doença causada por vírus e transmitida a partir de animais silvestres, normalmente roedores, para humanos. Ela é endêmica em alguns países do continente africano, principalmente em áreas de florestas.
Por mais de 40 anos não houve registros de contaminação em pessoas, até que novos casos foram relatados na Nigéria a partir de 2017.
Apesar do novo boom de casos, a OMS publicou hoje um guia sobre o uso de vacinas contra a varíola e não recomenda o início de campanhas de vacinação contra a varíola dos macacos.
"Enquanto as vacinas contra varíola devem conferir alguma proteção contra a varíola de macaco, ainda há poucos dados para avaliar a sua efetividade. Qualquer decisão sobre o uso de vacinas deve ser tomada de maneira individual pelo paciente com um profissional de saúde, baseado no conhecimento de riscos e benefícios em cada caso", destacou o diretor da OMS.
Edição: Thales Schmidt