O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chegou à Turquia nesta terça-feira (07/06) para uma série de encontros políticos com autoridades do país. Segundo nota do governo venezuelano, o mandatário vai cumprir uma "agenda de cooperação que se centrará nas áreas de ciência e tecnologia, agricultura, transporte, energia, turismo e cultura".
O governo turco afirmou que o presidente Recep Tayip Erdogan deve se reunir com Maduro para "trocar visões sobre assuntos regionais e globais" e que "todos os aspectos das relações Turquia-Venezuela serão revisados e passos para melhorar as relações serão discutidos durante a visita".
A viagem ocorre um dia depois do início da Cúpula das Américas, encontro que teve início nesta segunda-feira (06/06) em Los Angeles, nos EUA, e deveria reunir os líderes dos países da América do Sul, América Central e América do Norte.
Os EUA, entretanto, excluíram Cuba, Nicarágua e Venezuela por considerarem que tais países, governados por partidos de esquerda, não constituem "espaços democráticos".
Nesta segunda-feira (06/06), Maduro voltou a criticar a reunião e agradeceu o gesto do presidente mexicano, André Manuel López Obrador, que decidiu não participar da cúpula em solidariedade aos países excluídos.
Além disso, o presidente venezuelano propôs que Alberto Fernández, mandatário argentino que ocupa a presidência da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), convoque uma reunião entre os países do organismo e que Joe Biden seja convidado a participar.
"Será uma forma de iniciar um caminho novo, como destacava hoje o presidente López Obrador nas reflexões que vem fazendo. Um novo organismo onde participem todos os países de nossa América", afirmou Maduro.
Fernández, que também havia dito que não compareceria à cúpula por discordar da exclusão de países, resolveu viajar aos EUA dizendo que representaria todos os integrantes da Celac.
Nesta terça-feira, a Assembleia Nacional venezuelana se juntou às críticas feitas pelo Executivo à postura de Washington na Cúpula das Américas e aprovou uma moção de protesto contra a exclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela do encontro. Segundo a emissora multiestatal Telesur, deputados governistas e opositores votaram juntos por considerarem que o ato atinge "toda a República e o povo".
Turquia é aliada estratégica para Venezuela
Um dos países que segue fazendo negócios com a Venezuela apesar do bloqueio econômico dos EUA, a Turquia é um importante aliado diplomático mundial de Caracas, que também conta com apoio de países como China, Rússia e Irã.
Apesar de ser membro de esferas de poder hegemonizadas por Washington como a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Ancara se posiciona contra a campanha de sanções estadunidenses à Venezuela e não reconheceu o ex-deputado Juan Guaidó como "presidente interino" do país.
Em abril deste ano, o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, visitou Caracas e chegou a se reunir com Maduro. Na ocasião, Cavusoglu destacou que, apesar da pandemia e das sanções norte-americanas, "o aumento de nossos comércios aumentou nossas esperanças para o futuro" e fez um apelo para que empresários turcos passem a investir na Venezuela.
Durante a pandemia da covid-19, a Turquia doou toneladas de insumos médicos e equipamentos de proteção ao governo venezuelano, além de auxiliar na construção de um hospital com capacidade para quase 300 leitos.
Edição: Thalita Pires