América Latina

Conferência da Clacso começa nesta terça com mesa sobre feminismos

Encontro reúne figuras relevantes da política e da academia e retorna após a pandemia

Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina |
Pedidos por "Lula livre"e lenços verdes pela campanha do aborto marcaram a última conferência da Clacso, em 2018, em Buenos Aires. - Soledad Quiroga/Clacso

Um dos eventos mais importantes das ciências sociais na região latino-americana, a Conferência Latino-americana e Caribenha de Ciências Sociais deste ano será inaugurada nesta terça-feira (7), na Cidade do México. Neste ano, o encontro organizado pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso) contará com mais de 5 mil conferencistas e figuras políticas e intelectuais de destaque na região com o tema "desigualdades na América Latina".

A problemática será abordada e analisada em 34 eixos por pesquisadores e profissionais de diferentes áreas, tais como acesso à cidade, educação, saúde, migração, gênero, violências e conflitos agrários.

O ato de abertura será às 18h30, no horário de Brasília, na Universidade Nacional Autônoma do México. A universidade será palco do evento até a sexta-feira (10), com uma extensa programação entre oficinas, fóruns, painéis, exposições de conferencistas, uma feira internacional do livro das ciências sociais e humanidades e um ciclo internacional de cinema. As atividades podem ser acompanhadas virtualmente por este link.

O ato de abertura desta terça contará com a participação do filósofo argentino Darío Sztajnszrajber, com a palestra "A trama das desigualdades: Uma intervenção filosófica". Às 20h30 será o primeiro Diálogo Magistral, intitulado "Feminismos, gêneros e lutas na América Latina e o Caribe", com a socióloga argentina Dora Barrancos, a antropóloga mexicana Marta Lamas e a socióloga costarriquenha Montserrat Sagot.

A desigualdade como tema em debate

A desigualdade atravessa toda a América Latina, classificada como a região mais desigual do mundo. A situação aprofundou-se em 2020, em consequência da pandemia de covid-19. Em 2020, de cada 100 habitantes latino-americanos, 34 eram pobres e 13 estavam em situação de pobreza extrema.

“Em nosso continente há uma profunda concentração da riqueza, e o acesso às prestações sociais, em termos amplos, ainda é um privilégio. Não contamos com um Estado de bem-estar universal na América Latina e o Caribe. Antes da pandemia, isso já era um problema fundamental”, sustenta a Secretária-executiva da Clacso, Karina Batthyány.

Em relação à desigualdade de gênero, eixo que abre as mesas de discussão da conferência deste ano, a instituição destaca como um traço histórico e cultural na região, com registros de um retrocesso de 18 anos na participação das mulheres no mercado de trabalho como consequência da pandemia.

O evento conta com a participação da candidata à vice-presidência da Colômbia Francia Márquez, além da ex-presidenta da Convenção Constituinte do Chile, Elisa Loncón, e a filósofa indiana Vandana Shiva.
 
Do Brasil, serão conferencistas Manuela D’Ávila, a socióloga argentina Rita Segato, que atua na Universidade de Brasília, e Nadya Araujo Guimarães, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

Edição: Thales Schmidt