'SEM COMANDO'

Conselho da Petrobras impõe derrota a Bolsonaro e adia troca de presidente da estatal

Antes de decidir sobre posse, conselho da companhia quer avaliação de currículo de novo indicado do governo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Caio Andrade foi indicado à presidência da Petrobras, mas ainda não pode assumir - divulgação

O conselho de administração da Petrobras resolveu impor condições para que Caio Mario Paes de Andrade assuma a presidência da estatal no lugar de José Mauro Coelho. Na prática, isso adia a posse de Andrade e contraria a vontade do presidente Jair Bolsonaro (PL), que o indicou à chefia da empresa na segunda-feira (23).

Em reunião realizada na quarta-feira (25), o conselho da companhia definiu que o primeiro passo para a troca de presidente da empresa é a análise do do currículo de Andrade pelo comitê de pessoas. Petroleiros já informaram que o executivo não tem experiência prevista na Lei das Estatais para assumir o comando da Petrobras. O comitê, entre outras coisas, dará um parecer sobre esse assunto.

:: Novo presidente da Petrobras não cumpre requisito legal para cargo ::

Assim que esse parecer estiver pronto, será convocada uma assembleia de acionistas da Petrobras. Essa assembleia primeiramente decidirá se Andrade pode fazer parte do conselho da empresa – requisito para que ele assuma a presidência. Caso seja eleito como membro do conselho, esse mesmo colegiado decidirá se deve mesmo ser presidente da companhia, levando em conta a análise do comitê de pessoas.

Assembleias de acionistas da Petrobras devem ser marcadas com 30 dias de antecedência. Com isso, até que ela ocorra, a posse de Andrade fica suspensa.

Por enquanto, a Petrobras seguirá sendo presidida por Coelho, que já foi publicamente demitido pelo governo federal, controlador da empresa. A demissão é uma suposta reação de Bolsonaro à alta dos preços dos combustíveis.

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Crise dos preços

Bolsonaro tem reclamado publicamente sobre os aumentos, mas ainda não tomou uma atitude concreta para mudar a política de preços da Petrobras. A empresa hoje vende combustíveis no Brasil com preço vinculado ao mercado internacional. Isso, de acordo com a própria companhia, tem gerado lucros recordes à custa de combustíveis mais caros para a população.

:: Sob Bolsonaro, estatais abandonam o social e lucram na crise ::

Andrade é o atual secretário especial Desburocratização, Gestão e Governo Digital, ligado ao Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. É formado em Comunicação Social e tem pós-graduação e mestrado em Administração.

Guedes, aliás, ampliou seu poder sobre a Petrobras neste mês. Ele também emplacou  um subordinado no comando do Ministério das Minas e Energia (MME): o economista Adolfo Sachsida, que trabalhava no Ministério da Economia, assumiu o lugar do almirante Bento Albuquerque.

O crescimento da influência de Guedes tem aumentado rumores sobre a privatização da Petrobras. A venda do controle da empresa serve hoje como uma espécie de promessa de campanha para a reeleição de Bolsonaro.

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Edição: Felipe Mendes