Pela primeira vez na história das copas do mundo, três árbitras e três assistentes do sexo feminino irão apitar jogos do mais importante torneio de futebol masculino, que ocorrerá entre 21 de novembro e 18 de dezembro deste ano, no Catar. Entre as bandeirinhas, há uma brasileira: Neuza Back, de 37 anos. O anúncio foi feito pela Fifa nesta quinta-feira (19/05).
Outro fato relacionado ao Brasil é que, entre os 36 árbitros escolhidos pela federação internacional, haverá dois brasileiros pela primeira vez desde a Copa de 1950, disputada no Brasil. Desde então, o país costumava ter apenas um representante na arbitragem principal. Desta vez, Raphael Claus e Wilton Pereira Sampaio foram chamados.
Outros países que terão dois árbitros na Copa são Argentina, Inglaterra e França. Para os assistentes de vídeo (VAR, sigla em inglês para Video Assistant Referee), a Fifa escolheu 24 homens. Nenhum brasileiro.
Além de Neuza Back, as auxiliares Karen Díaz Medina, do México, e Kathryn Nesbitt, dos Estados Unidos, foram confirmadas para atuar no torneio, que tem um total de 64 jogos.
As três árbitras que vão apitar jogos da Copa do Mundo são Stéphanie Frappart, da França, Salima Mukansanga, de Ruanda, e Yoshimi Yamashita, do Japão.
Stéphanie, por exemplo, já apitou a final da Copa do Mundo feminina, vencida pelos Estados Unidos em julho de 2019, e atua constantemente em jogos da Ligue 1, o Campeonato Francês masculino. No último dia 7 de maio, ela apitou a final masculina da Copa da França, vencida pelo Nantes no Stade de France, em Paris.
Os auxiliares Bruno Boschilia, Bruno Pires, Danilo Simon e Rodrigo Figueiredo fecham a participação brasileira no corpo de arbitragem.
Natural de Santa Catarina, Neuza Back atua no estado de São Paulo. Foi auxiliar na primeira partida da final do Campeonato Paulista de 2020, entre Corinthians e Palmeiras. Esteve também na mais recente edição da Copa do Mundo feminina, em 2019, e no Mundial de Clubes da Fifa de 2020, que terminou com o título do Bayern de Munique, além de ter integrado a equipe de arbitragem nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
"Conclui um longo processo", diz chefe de arbitragem
O presidente do Comitê de Arbitragem da Fifa, o italiano Pierluigi Collina, disse que o critério utilizado para as escolhas foi a qualidade dos árbitros, que, segundo ele, representam o mais alto nível de arbitragem no mundo.
Sobre o ingresso de mulheres, ele afirmou que ele e sua equipe estão felizes por terem conseguido incluí-las no corpo de arbitragem pela primeira vez na história das copas do mundo.
"Isto conclui um longo processo, que começou há vários anos, com o emprego de árbitras nos torneios masculinos júnior e sênior da Fifa. Desta forma, enfatizamos claramente que é a qualidade que conta para nós, e não o gênero. Espero que, no futuro, a seleção de árbitras de elite para competições masculinas importantes seja percebida como algo normal, e não mais como excepcional", declarou Collina.
Os árbitros convocados participarão de seminários preparatórios durante o verão europeu em Assunção, no Paraguai, Madri, na Espanha, e Doha, no Catar. Eles também passarão por rigorosos testes e avaliações físicas, técnicas e médicas.
"Não podemos eliminar todos os erros, mas faremos o possível para reduzi-los", afirmou Massimo Busacca, diretor de arbitragem da Fifa.