Cerca de 200 famílias sem terra ocuparam uma área improdutiva de aproximadamente 950 hectares no município de Rio do Fogo, no litoral do Rio Grande do Norte, neste domingo (17). Horas depois, na madrugada de segunda-feira (18) e a cerca de 800 km de distância, em Ipueiras, no Ceará, outro latifúndio de 500 hectares foi ocupado, dessa vez por 80 famílias.
As ações integram a Jornada de Lutas por “Terra, Teto, Trabalho e Pão” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Esse foi o nome escolhido para a edição de 2022 do abril vermelho, mês em que o Massacre de Eldorado do Carajás completa 26 anos, e que conta com ações como marchas, travamentos de rodovia, acampamento da juventude e ato ecumênico.
Não à toa, o nome escolhido pelas famílias do Rio Grande do Norte para a nova morada, que fica quase na divisa com o Piauí, é Ocupação Paraíso dos Carajás. Já as acampadas cearenses ainda não batizaram a área da Fazenda Lagoa dos Veados que, segundo o MST, estava também abandonada.
“Ipueiras é um município onde o MST está chegando agora”, conta Gene Santos, da direção estadual do movimento no Ceará. “Até o momento a situação está tranquila, o pessoal está organizando as barracas e a gente já estabeleceu contato com o governo do Estado”, diz.
Uma reunião de negociação está prevista para acontecer na tarde desta segunda-feira (18) entre representantes da nova ocupação e do governo cearense, sob gestão de Izolda Cela (PDT). Confirmaram presença integrantes da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e do Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace).
No encontro, o MST pretende reivindicar a aplicação da Lei 17.533/2021 que, aprovada ano passado no Ceará, permite a aquisição de áreas por parte do governo estadual para destiná-las a assentamentos rurais. Chamada de Lei Wilson Brandão, a lei é compatível, em âmbito estadual, com o Plano Nacional de Reforma Agrária.
Edição: Felipe Mendes