Os preços dos produtos mais consumidos pela maioria da população brasileira subiram, em média, 1,62% no mês passado, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse percentual é o maior já registrado num mês de março desde 1994 – antes da implantação do Real.
A moeda começou a circular em julho de 1994. A implantação fez parte de um plano criado pelo Governo Federal justamente para conter a inflação, que na época girava em torno de 40% ao mês, chegando a 1.000% ao ano.
O IBGE mostra que a inflação vem crescendo. Em fevereiro, ela ficou em 1,01%. Com a alta de março, acumula 11,30% em 12 meses.
Em março, os preços que mais subiram estavam ligados a transporte e alimentos. Produtos e serviços do segmento de transporte aumentaram, em média, 3,02% no mês – quase o dobro da inflação geral. Essa alta foi causada principalmente pelo aumento dos combustíveis para os consumidores (6,70%), com destaque para a gasolina, que subiu 6,95%.
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“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%)”, detalhou o Gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE, Pedro Kislanov.
“Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus em Curitiba, São Luís, Recife e Belém”, complementou.
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No grupo dos alimentos e bebidas, a alta de 2,42% decorre, principalmente, do aumento do tomate (subiu 27,22% em março) e da cenoura (alta de 31,47%). Só a cenoura já subiu mais de 166% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que o preço quase triplicou.
Também subiram os preços do leite longa vida (9,34%), do óleo de soja (8,99%), das frutas (6,39%) e do pão francês (2,97%).
Segundo Kislanov, o aumento dos combustíveis impacta diretamente o preço dos alimentos. “Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária principalmente por fatores climáticos, mas isso também está relacionado ao custo do frete”, explicou.
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No grupo de produtos e serviços de habitação, a alta em março foi de 1,15%. De novo, a Petrobras contribuiu com o índice já que o gás de botijão subiu em média 6,57%. Em março, a estatal anunciou reajuste de 16,06% no preço do gás vendido às distribuidoras.
O IPCA é considerado o índice de inflação oficial. Ele é calculado com base no consumo de famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos.
Edição: Felipe Mendes