PPI em xeque

Petrobras avisa investidores que pode mudar política de preços para conter aumentos

Estatal comunicou órgão regulador dos EUA que pode deixar de vender combustível com preço baseado no mercado externo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Com guerra na Ucrânia, petróleo subiu e Petrobras reajustou preços - SindPetro

A Petrobras pode deixar de vender combustíveis com preços baseados no mercado internacional  A estatal citou essa possibilidade em comunicado enviado à Sec, órgão público dos Estados Unidos que regula o mercado de capitais no país.

A Petrobras tem ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York, assim como tem ações na Bolsa de São Paulo. Por isso, precisa comunicar à Sec temas considerados relevantes para decisão de investidores estrangeiros.

Pressionada pelo governo pelos recentes aumentos da gasolina e diesel, a Petrobras resolveu alertar à Sec que a fórmula usada pela estatal para calcular o valor dos combustíveis vendidos em suas refinarias está em xeque. Segundo a própria empresa, seus preços podem deixar de ser compatíveis com os de outras petroleiras de fora do Brasil.

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“No futuro, poderá haver períodos durante os quais os preços de nossos produtos não estarão em paridade com os preços internacionais dos produtos”, descreveu a Petrobras,  citando o governo. “Ações e legislação impostas pelo governo brasileiro, como nosso acionista controlador, podem afetar essas decisões de preços.”


Petrobras avisa investidores que pode mudar política de preços / Reprodução

A empresa alertou investidores que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem feito declarações sobre “a necessidade de modificar e ajustar nossa política de preços para as condições domésticas”. Para a estatal, considerando o posicionamento de Bolsonaro e que uma novos membros da diretoria da Petrobras devem tomar posse em abril, é possível que a paridade internacional de preços seja abandonada.

A Petrobras alertou que essas mudanças de preços podem ter impactos negativos sobre o lucro da empresa, que atingiu um recorde histórico em 2021 – R$ 106 bilhões. A companhia lembrou que, por ser uma estatal de economia mista (ações em bolsas de valores), ela pode servir para políticas de governo. “O governo federal brasileiro, como nosso acionista controlador, pode perseguir certos objetivos macroeconômicos e sociais através de nós”, informou.

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Aumento, crítica e demissão

A Petrobras anunciou em março um reajuste de quase 19% no preço da gasolina e 25% no preço do diesel. Segundo a estatal, o aumento ocorreu porque a guerra entre Rússia e Ucrânia elevou o preço internacional do petróleo, matéria-prima dos combustíveis.

O aumento gerou revolta e fila em postos de combustíveis do país. O presidente Bolsonaro, que até então isentava-se de qualquer responsabilidade sobre os preços da Petrobras, resolveu então criticar a empresa e disse que ela cometeu um “crime contra a população”.

Dias depois do aumento, o governo Bolsonaro anunciou a demissão do presidente da Petrobras, general da reserva Joaquim Silva e Luna. O economista e consultor Adriano Pires foi indicado pelo governo para assumir a presidência.

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Pires já defendeu em entrevistas que a Petrobras pratique preços alinhados aos do mercado externo. Ele, no entanto, também declarou que o governo deveria criar um fundo de estabilização para que os preços dos combustíveis não variassem tanto, principalmente enquanto durar o conflito na Europa.

Edição: Rodrigo Durão Coelho