Estudo do projeto VigiVac, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), confirma que mesmo pessoas previamente infectadas pela covid-19 apresentam aumento dos níveis de proteção quando vacinadas. De acordo com os pesquisadores, entre aqueles que já tinham sido infectados antes da vacinação, a eficácia do imunizante contra hospitalização ou morte após a conclusão da série vacinal (duas doses) foi de 89,9% para a AstraZeneca, 89,7% para a Pfizer, 81,3% para a CoronaVac. Já a dose única da Janssen registrou eficácia de 57,7%.
Similarmente, a proteção contra casos leves conferida aos infectados ficou em 44% para a AstraZeneca, 64,8% para a Pfizer, 39,4% para a CoronaVac e 44% para a Janssen. Os dados da pesquisa foram publicados na revista Lancet Infectious Diseases nesta sexta-feira (1º).
A pesquisa se baseou em dados nacionais de notificação, hospitalização e vacinação de covid-19, no período de fevereiro de 2020 a 11 de novembro de 2021. No total, os pesquisadores analisaram 213.457 casos de pessoas que apresentaram doença sintomática e realizaram teste de RT-PCR pelo menos 90 dias após a primeira infecção, depois de tomarem as vacinas. Entre eles, somente 14,5% tiveram a reinfecção confirmada.
“Mito” derrubado
Esses números desmontam, assim, o mito que diz que aqueles que se infectaram com a covid-19 não precisariam se vacinar, após superarem a doença. A justificativa é que a reação natural do organismo produziria os anticorpos necessários para evitar uma nova infecção. Entretanto, os níveis de proteção causados pela infecção natural declinam ao longo dos meses seguintes. Por outro lado, a imunidade híbrida (infecção natural somada à vacinação) apresenta resultados mais duradouros, aponta a pesquisa.
O próprio presidente Jair Bolsonaro contribuiu para a difundir esse tipo de desinformação. “Eu tive a melhor vacina: o vírus”, disse ele em dezembro de 2020, após ter se contaminado cinco meses antes. Posteriormente, em junho de 2021, ele voltou a insistir: “Eu estou vacinado entre aspas. Todos que contraíram o vírus estão vacinados, até de forma mais eficaz que a própria vacina”. Um mês depois, no entanto, a realidade se impôs e ele voltou a testar positivo para a doença.
Balanço da covid no Brasil
Hoje (1º), o Brasil registrou mais 245 mortes, batendo a casa dos 660 mil óbitos causados pelo novo coronavírus. Também foram notificados 27.270 novos casos da infecção, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). O estado do Acre, contudo, não divulgou os dados até o fechamento desta matéria.
A média diária de mortes calculada em sete dias está em 205. São 10 dias consecutivos com a média de óbitos abaixo de 300. Já a média de casos ficou em 25.745, a mais baixa dos últimos 84 dias. Desde o início da pandemia, em março de 2020, o país se aproxima dos 30 milhões de casos oficialmente registrados.