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Em referendo, Uruguai decide manter reformas liberais de Lacalle Pou

Com apenas 1% de diferença, o "não" venceu e lei de urgente consideração permanece intacta

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Presidente Luis Lacalle Pou celebrou vitória do "não"no referendo popular contra principal legislação do seu governo - AFP

O "não" venceu no referendo popular do Uruguai com uma diferença de apenas 1% dos votos. O Tribunal Eleitoral informou na noite de domingo (28) que 49,86% optou por não revogar a lei de urgente consideração (LUC), enquanto 48,82% votou "sim" pela revogação de 135 artigos da legislação. Cerca de 2,2 milhões de pessoas participaram do pleito e 1,3% votou em branco. 

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"É o retrato de um país dividido", afirmou José Oliveira, dirigente da central PIT-CNT e um dos coordenadores da campanha pelo "sim". Dentre os 20 departamentos uruguaios, Canelones, Montevideo e Paysandú foram as únicas regiões onde a opção pela revogação obteve a maioria.

O presidente Luis Lacalle Pou, que defendia o "não", afirmou que o resultado já era esperado e que agora seguirá focado em temas "vitais" para o país, como uma reforma da previdência e mudanças no sistema educacional.

A Lei de Urgente Consideração foi o carro-chefe da campanha do político de extrema direita à presidência do Uruguai. A LUC foi aprovada em 2020 com 476 artigos que alteram a Constituição uruguaia em aspectos relacionados à segurança, financiamento do Estado, políticas públicas e até o direito à greve. 

A conquista do referendo foi um movimento importante contra a agenda de Lacalle Pou, sendo garantido através de uma campanha promovida por sindicatos, organizações sociais e movimentos populares, que reuniram 763.443 assinaturas em julho de 2021.

A consulta contou com 85% de participação do eleitorado de cerca de 2,6 milhões de pessoas. A Comissão Nacional da campanha pelo "si\m" afirmou que foi uma "jornada democrática fundamental". Enquanto o líder da Frente Ampla, que governou o país nos três períodos que antecederam a atual gestão, Fernando Pereira declarou que a mensagem do referendo foi clara e Lacalle Pou "não pode seguir governando de costas para metade da população".

* Com informação de El País e La Diaria.

Edição: Thales Schmidt