A Câmara Municipal de Foz do Iguaçu (CMFI), no oeste do Paraná, está no centro de mais uma polêmica com indícios de corrupção entre seus parlamentares.
Em circulação nas redes sociais desde domingo (20), a gravação de uma conversa entre o jornalista Luciano Alves e o gestor de marketing Felipe Menger indica que a prática de “rachadinha”, caracterizada pela transferência de salários de assessores para agentes públicos, aconteceu no gabinete do vereador Admilson Galhardo (Republicanos).
Ouça o áudio
No começo até 20 segundos e de 3 minutos a 3 minutos e 40 segundos, ex-assessor denuncia esquema de "rachadinha"
“Fizeram toda essa maracutaia, do vereador ganhar meio que ‘pareio’ com assessor, justamente pra pegar (dinheiro) do assessor, entendeu? Só que rachadinha é crime. Não tem conversa, entendeu? É corrupção”, denuncia Felipe ao revelar sua experiência dentro do Legislativo municipal.
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Com pouco mais de 20 anos, Felipe Menger chegou à Câmara Municipal em agosto de 2020 por indicação de Admilson Galhardo, filiado ao PL à época, para exercer a função de “Assessor Parlamentar PL5”, junto ao gabinete do então vereador Elizeu Liberato (PL).
“Minha experiência dentro da Câmara foi curta, no curto período tudo que tem de errado pra se fazer era feito dentro de muitos gabinetes… não é algo exclusividade de vereador A ou B… mas claro que por se tratar de um mandato do qual eu estava envolvido ficou mais escancarado na minha percepção”, respondeu o ex-assessor, ao destacar sua atuação junto ao vereador Galhardo. Questionado, Felipe não respondeu à reportagem do Brasil de Fato PR o valor que teria supostamente devolvido para Galhardo.
Acordo
Além de atuar como assessor direto de Elizeu, o profissional de marketing também trabalhou de forma paralela durante a campanha eleitoral de 2020 para Galhardo. Procurado pela reportagem, Elizeu Liberato explicou a situação que o levou a nomear em seu gabinete um assessor que atuava profissionalmente na campanha de outro candidato.
“O Felipe foi nomeado para trabalhar no meu gabinete e foi indicado pelo colega Galhardo, que era o primeiro suplente do nosso partido, o PL. Tínhamos um compromisso de que o primeiro suplente poderia assumir uma assessoria ou indicar a assessoria (...). Apenas cumpri o compromisso pré-eleitoral nomeando o Galhardo como assessor e, posteriormente, o Felipe Menger, que foi indicado por ele”, revela o ex-vereador ao confirmar que sabia da atuação de Felipe pela eleição de Galhardo.
Ao final do pleito daquele ano, Elizeu Liberato não foi reeleito. Já Admilson Galhardo conseguiu conquistar uma das 15 cadeiras do Legislativo iguaçuense em seu novo partido, o Republicanos. Após o início da nova legislatura, Galhardo manteve a nomeação de Felipe, que continuou no cargo até junho de 2021.
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Levantamento realizado com base em informações do Portal da Transparência da CMFI revela que entre agosto de 2020 e junho de 2021, Felipe recebeu R$ 83.091,66 dos cofres públicos, sendo R$ 39.172,14 pagos por meio da primeira nomeação, e outros R$ R$ 43.919,52 já por intermédio do recém-eleito Galhardo.
Durante a conversa com o jornalista Luciano Alves, ao mencionar a prática de rachadinha por Galhardo, Felipe compartilhou que em razão de se negar a manter o pagamento dos repasses para o vereador terminou por ser exonerado.
“Eu vivia cobrando ele. ‘Galhardo, você não precisa disso, cara (...)’. Mas ele sabia, na cabeça dele, até hoje acha que eu era um risco, entendeu?”. Em outro trecho do áudio, Felipe diz que após deixar a assessoria parlamentar, Galhardo convidou sua companheira para exercer o mesmo cargo. “Minha esposa que entrou no meu lugar lá, ela também mexe com marketing (...). Aí ela entrou e ficou um mês.”
A afirmação de que a esposa de Felipe teria sido nomeada por Galhardo e permanecido pelo período de um mês foi confirmada pela reportagem após nova consulta ao Portal da Transparência. Junto, o casal recebeu, em dez meses, R$ 95.555,47 como assessores parlamentares.
Assessor confirma áudio
Para verificar a autenticidade do áudio, a reportagem do Brasil de Fato PR entrou em contato com Felipe Menger pelo WhatsApp. Após ser informado sobre o teor da matéria, o ex-assessor confirmou sua acusação sobre a prática de “rachadinha” na Câmara Municipal.
O outro lado
Por meio de sua assessoria de comunicação, a Câmara Municipal afirmou “que desconhece a suposta prática mencionada pelo ex-assessor e que condena qualquer ato nesse sentido. Quanto às providências que deverão ser tomadas para apurar as denúncias feitas, pontua que “ainda não recebeu nenhuma notificação oficial para que se manifeste sobre o assunto”.
Já Galhardo afirmou, por meio de seu advogado, que nega as acusações. O representante do vereador ressaltou que irá tomar as providências cabíveis para provar a inocência do seu cliente.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Frédi Vasconcelos