Há uma expectativa de que Alexandre Kalil (PSD) renuncie à Prefeitura de Belo Horizonte nesta sexta-feira (25), a fim de concorrer ao governo de Minas Gerais. Pesquisas apontam o mineiro como o segundo colocado na corrida ao Palácio Tiradentes, atrás apenas do atual governador, o empresário Romeu Zema (Novo).
Alguns levantamentos também indicam que Zema pode até vencer a eleição no primeiro turno. Porém, o governador atravessa um momento de desgaste, provocado pelas greves de trabalhadores dos serviços públicos, especialmente na educação, maior categoria do estado, e na segurança pública, uma das bases eleitorais do governador.
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Por outro lado, as chances de Kalil aumentam numa eventual aliança com Lula, líder da disputa à presidência da República. Na última sexta (18), um levantamento das empresas Genial/Quaest mostrou que, sem o apoio de Lula a Kalil, Zema teria 34% das intenções de voto e o prefeito de BH 21% - diferença de 13 pontos percentuais. Com o apoio do petista, o ex-presidente do Atlético viraria o jogo, passando a 49% das intenções contra 35% do empresário.
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“Estou esperando saber se o Kalil é candidato. Quando ele se afastar da prefeitura, aí sim, pretendo conversar com ele e estabelecer a possibilidade de construir uma aliança política”, disse Lula, no dia 10 de março, em entrevista à uma rádio de BH.
Posição do PT
No Partido do Trabalhadores (PT), foram cogitados dois pré-candidatos ao governo de Minas: o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira, e o ex-prefeito de Betim, Jésus Lima.
À reportagem do Brasil de Fato MG, no último mês, o presidente do PT estadual, deputado Cristiano Silveira, disse que essa definição levará em conta a questão da federação partidária com o PCdoB e o PV. “A candidatura deixa de pertencer somente ao PT e passa a pertencer aos partidos que estão discutindo a federação, podendo haver uma candidatura da federação ou uma aliança ampla”, explica.
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O presidente do PT também considera um cenário de apoio a Kalil, mas diz que essa aliança é condicional. “Se Kalil estiver disposto a apoiar Lula, se estiver disposto a conversar com o PT e a federação no sentido de composição de uma aliança e um projeto para Minas Gerais com o qual tenhamos concordância, é possível. Mas essas premissas precisam estar alinhadas”, defende.
Posição do PSD
O presidente estadual do partido de Kalil, senador Alexandre Silveira, afirma que é prematuro discutir eleições neste momento. “Temos assuntos mais urgentes a serem tratados e resolvidos, como a inflação”, comenta. Porém, segundo ele, o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, mantém conversas com as direções de outras legendas.
O senador também ressalta que o PSD é um dos maiores partidos de Minas Gerais, com sete deputados estaduais, três federais, dois senadores e diversas lideranças municipais, entre as quais o prefeito Alexandre Kalil.
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"Ele é o nosso pré-candidato ao governo de Minas e confiamos nele para a condução de todo esse processo, inclusive no diálogo com outros partidos. Dada a estrutura do PSD, a tendência é que o partido vá para a disputa com chapas completas, seja para os cargos majoritários (governador e senador), seja para os proporcionais (deputados estaduais e federais)”, afirma.
Frente de esquerda
Para o PSOL, segunda força de esquerda no estado, com uma deputada federal, uma estadual e três vereadoras em Minas, a prioridade seria uma frente progressista. Na impossibilidade dessa frente, a tendência é que o partido lance uma candidatura própria.
“Decidimos nos nossos congressos nacional e estadual lutar pela constituição de uma frente para lutar contra os governos Bolsonaro e Zema. Partidos como PT, PCdoB, Unidade Popular fazem parte desse arco de alianças, que pode até se ampliar, a depender da constituição das chapas e do programa que for aprovado para as coligações”, aponta o presidente do PSOL-MG, o advogado Cacau Pereira.
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Por outro lado, o partido não apoiaria uma candidatura Kalil no primeiro turno. “Não existe a possibilidade de participarmos de uma frente em torno dessa candidatura. Não fazemos uma oposição leviana a Kalil na Câmara Municipal, que está dominada por partidos de extrema direita. Mas Kalil é do PSD, um partido conservador, dominado por oligarquias regionais, e não é parte do arco de alianças do PSOL”, ressalta.
Cacau também afirma que o partido apoiará a candidatura de Lula à presidência da República, mas critica a possibilidade de composição de chapa com o ex-governador e ex-tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Essa aliança eliminaria a possibilidade de um programa de esquerda, como a revogação das reformas aprovadas a partir do governo Temer. Além disso, o PT está cometendo um grande erro. Podemos ter uma nova inviabilização do Lula por uma tentativa de golpe”, prevê.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa