Falta afinar

Rede e PSOL caminham para a federação, mas apoio ao ex-presidente Lula não é unânime

Glauber Braga (PSOL-RJ) criticou o que chamou de “política reboquista” ao falar do apoio à candidatura de Lula

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Federação entre Rede e PSOL está prestes a ser formalizada; apoio ao ex-presidente Lula nas próximas eleições ainda não é consenso - Imagem Reprodução

A iminente federação entre a Rede Sustentabilidade e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) não representa ainda um consenso entre as siglas sobre o apoio ao pré-candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda que esse possa ser o caminho a ser seguido.  

Em entrevista à CartaCapital, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) criticou o que chamou de “política reboquista” ao falar da articulação que uma ala do PSOL tem feito em apoio à candidatura de Lula

“A direção majoritária do PSOL, presidida pelo Juliano [Medeiros], erra feio nessa conjuntura, em não ter uma maior força política para fazer exigências que fossem fundamentais. Na verdade, está se articulando uma política reboquista que vai fazer com que o PSOL não tenha candidatura própria no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e nacional. Isso é grave”, disse. 

:: Aliança Lula-Alckmin gera divergências entre movimentos e siglas da esquerda ::

“Boulos e Juliano chiaram, falaram publicamente, disseram que não topavam a chapa com Alckmin, mas nunca colocaram isso como condicionante para que o PSOL reafirmasse um projeto de candidatura própria no primeiro turno. Qual foi o resultado disso? O PT se sentiu à vontade para qualquer movimentação, inclusive com o fechamento da chapa com o Alckmin, o candidato do sistema financeiro em 2018.” 

No domingo (12), o deputado federal afirmou que a direção de seu partido também “errou feio” ao comemorar a federação. Para o parlamentar, “não há o que celebrar”, publicou em seu perfil no Twitter. 

::PT, PV e PCdoB avançam para formar federação partidária; PSB fica fora:

Em resposta, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, publicou em seu perfil no Twitter que erra feio “quem acredita que é hora de ressaltar diferenças ao invés de buscar a unidade. Felizmente, o congresso do PSOL decidiu o contrário: trabalharemos para unir as esquerdas em torno de um programa antineoliberal”, numa referência à aliança entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. 

Do outro lado da federação, a fundadora da Rede, Marina Silva, ainda não declarou expressamente apoio a Lula. Inicialmente, ex-ministra do Meio Ambiente se aproximou do pré-candidato Ciro Gomes (PDT), com quem tem mais proximidade. Mas, recentemente, em entrevista ao O Globo, Silva afirmou que está “disposta a conversar no campo da democracia”. Ainda afirmou que, de sua parte, não tem “nada” contra Lula”. “São questões concretas, de natureza objetiva e que podem sim ser conversadas”, disse. 

“Ainda não existiu nenhuma discussão dentro da Rede, colocando esse ou aquele nome de candidato. O que acontece é que existem pessoas muito relevantes do nosso partido que têm uma simpatia pelo Ciro Gomes, enquanto outros têm por Lula. Estou participando do debate interno e, no momento oportuno, irei me manifestar sobre como participarei das eleições.” 

Veja também: Marina Silva em entrevista ao BdF: "Governo Bolsonaro é claramente desacreditado, isolado e negacionista"

Federações

A federação foi aprovada por unanimidade pelo Elo Nacional da Rede, direção nacional do partido. Agora, a direção do PSOL irá votar a união. Em caso de aprovação, restará oficializar a união no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Pelo regulamento da federação, os partidos que decidem se unir devem atuar juntos por pelo menos quatro anos e apoiar as mesmas candidaturas à Presidência da República, aos governos estaduais e ao Distrito Federal.  

::Federações partidárias elevam a política a um patamar superior::

Quadro da corrida eleitoral 

A última pesquisa Ipespe para as eleições presidenciais de 2022, publicada na sexta-feira (11), mostra Lula à frente nas intenções de voto (43%), seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 28%, Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos), cada um com 8% das menções, João Doria (PSDB), com 3%, e Simone Tebet (MDB) e Eduardo Leite (PSDB), ambos com 1%. 

Alessandro Vieira, que chegou a ser citado nas pesquisas, anunciou no sábado (12) que não irá mais concorrer à Presidência da República e sua desfiliação do Cidadania.

Também na semana passada, Rodrigo Pacheco (PSD) desistiu da corrida eleitoral. O presidente do partido, Gilberto Kassab, tem defendido a candidatura de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, como nome do PSD à Presidência. “O PSD vai ter um candidato a presidência da República. Todo o nosso esforço é para que seja o governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. O meu sentimento é que ele será e que poderá contribuir muito. Com o nosso esforço, caso ele se eleja a presidente da República, vai ajudar a mudar o Brasil” afirmou Kassab à CNN Brasil

Edição: Vivian Virissimo